UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SANTANA DO LIVRAMENTO CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS A ABORDAGEM DO DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO: OS NOVOS RUMOS DA VITIVINICULTURA PARA SANTANA DO LIVRAMENTO/RS JAQUELINE BRAZ TRINDADE MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCCII) Santana do Livramento 2024 JAQUELINE BRAZ TRINDADE A ABORDAGEM DO DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO: OS NOVOS RUMOS DA VITIVINICULTURA PARA SANTANA DO LIVRAMENTO/RS Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de Bacharela em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Pampa ? UNIPAMPA. Orientadora: Profa. Margarete Leniza Lopez Gonçalves Santana do Livramento 2024 Ficha catalográfica elaborada automaticamente com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) através do Módulo de Biblioteca do Sistema GURI (Gestão Unificada de Recursos Institucionais) . T833a Trindade, Jaqueline Braz A ABORDAGEM DO DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO: OS NOVOS RUMOS DA VITIVINICULTURA PARA SANTANA DO LIVRAMENTO/RS / Jaqueline Braz Trindade. 83 p. Trabalho de Conclusão de Curso(Graduação) -- Universidade Federal do Pampa, CIÊNCIAS ECONÔMICAS, 2024. "Orientação: Margarete Leniza Lopez Gonçalves". 1. Desenvolvimento Regional. 2. Desenvolvimento Endógeno. 3. Campanha Gaúcha. 4. Vitivinicultura. 5. Terroir. I. Título. JAQUELINE BRAZ TRINDADE A ABORDAGEM DO DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO: OS NOVOS RUMOS DA VITIVINICULTURA PARA SANTANA DO LIVRAMENTO/RS Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de Bacharela em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Pampa ? UNIPAMPA. Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em __________________ Banca examinadora: __________________________________________________ Profa. Margarete Leniza Lopez Gonçalves Orientadora UNIPAMPA __________________________________________________ Profa. Debora Nayar Hoff UNIPAMPA __________________________________________________ Prof. André da Silva Redivo UNIPAMPA Dedico este trabalho aos meus pais, cujo apoio incondicional e amor foram a luz que guiou cada passo desta jornada acadêmica. À minha família, e de forma especial para minha filha, cujo apoio e amor foram a força motriz por trás desta jornada, especialmente para minha maior inspiração, Manuella! Àqueles que, com sua inspiração e colaboração, tornaram possível a concretização deste projeto. AGRADECIMENTOS Gostaria de expressar minha profunda gratidão a todos que tornaram possível a realização deste trabalho. Em primeiro lugar, sou grata a Deus e ao Universo pela orientação divina e pela energia que me sustentou ao longo deste processo. À minha orientadora, Profa. Margarete Leniza Lopez Gonçalves, meu sincero agradecimento pela orientação dedicada, apoio incansável e esclarecimentos. Sua orientação foi essencial para o desenvolvimento deste trabalho. À minha família, pelo amor incondicional, apoio emocional e compreensão durante os momentos de dedicação à pesquisa. Seu encorajamento foi fundamental para alcançar este objetivo, em especial para minha filha Manuella, minha força e fortaleza. Agradeço também à Universidade Federal do Pampa (Unipampa) pelo ambiente acadêmico e pelo suporte institucional oferecido ao longo dessa jornada. À Ciência Econômica, expresso o meu reconhecimento pela sua importância fundamental neste trabalho. Através dos seus princípios e teorias, fui capacitada a compreender os complexos fenômenos econômicos subjacentes ao desenvolvimento endógeno e à viticultura. Os conceitos e metodologias fornecidos pela Ciência Econômica foram as ferramentas indispensáveis que me permitiram analisar criticamente os aspectos econômicos envolvidos neste estudo. Assim, é com imensa gratidão que reconheço o papel fundamental da Ciência Econômica neste trabalho, que serviu como alicerce para minha jornada acadêmica e profissional. Agradeço ainda aos demais professores e colegas que contribuíram com discussões enriquecedoras, feedback construtivo e apoio acadêmico ao longo deste caminho. Em especial à minha mentora Camila Pinto, ela foi um alicerce importante e uma grande referência nessa jornada acadêmica. Às instituições e organizações que colaboraram para a realização da pesquisa, em especial à Vinícola Salton, que foi fonte de inspiração para o desenvolvimento deste estudo. E minha consideração aos amigos viticultores que disponibilizaram seu tempo para fornecer dados essenciais para a investigação. Por fim, expresso minha gratidão a todos que, de alguma forma, contribuíram para este trabalho, direta ou indiretamente. Este projeto não teria sido possível sem o apoio e colaboração de cada um de vocês. Obrigada. Jaqueline Braz Trindade "O desenvolvimento econômico começa com uma comunidade de pessoas apaixonadas pelo que fazem e determinadas a fazer a diferença em sua própria região." Ernesto Sirolli, em "Ripples from the Zambezi: Passion, Entrepreneurship, and the Rebirth of Local Economies" (1999). RESUMO Este trabalho busca apresentar quais características do Projeto Terroir Salton são representativas para o desenvolvimento endógeno de Santana do Livramento (RS). A finalidade central é identificar quais aspectos do Projeto Terroir Salton se caracterizam como promotores do desenvolvimento endógeno em Santana do Livramento/RS. A pesquisa adota uma abordagem quanti-qualitativa, combinando métodos de coleta de dados bibliográfica, documental e de campo. A amostra não probabilística compreendeu 12 produtores identificados. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas, questionário e diário de campo, seguindo o modelo metodológico proposto por Schepa (2018) e Teixeira (2013). O questionário, foi aplicado aos produtores, resultando na participação de 6 viticultores. A análise dos dados permitiu compreender os impactos do projeto na comunidade local, destacando sua contribuição para o desenvolvimento endógeno. Conclui-se que o Projeto Terroir Salton emerge como um elemento catalisador para a economia local, impulsionando a inovação e a integração dos atores locais, reafirmando a importância da viticultura como perspectiva de crescimento na região. Palavras-Chave: Região Vitícola; Desenvolvimento Regional; Economia Local; Campanha Gaúcha; Terroir. RESUMEN Este trabajo busca presentar qué características del Proyecto Terroir Salton son representativas para el desarrollo endógeno de Santana do Livramento (RS). El objetivo central es identificar qué aspectos del Proyecto Terroir Salton se caracterizan como promotores del desarrollo endógeno en Santana do Livramento/RS. La investigación adopta un enfoque cuanti- cualitativo, combinando métodos de recolección de datos bibliográficos, documentales y de campo. La muestra no probabilística comprendió 12 productores identificados. La recolección de datos se realizó mediante entrevistas, cuestionarios y diarios de campo, siguiendo el modelo metodológico propuesto por Schepa (2018) y Teixeira (2013). El cuestionario fue aplicado a los productores, resultando en la participación de 6 viticultores. El análisis de los datos permitió comprender los impactos del proyecto en la comunidad local, destacando su contribución al desarrollo endógeno. Se concluye que el Proyecto Terroir Salton emerge como un elemento catalizador para la economía local, impulsando la innovación y la integración de los actores locales, reafirmando la importancia de la viticultura como perspectiva de crecimiento en la región. Palabras Clave: Región Vitícola; Desarrollo Regional; Economía Local; Campaña Gaúcha; Terroir. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11 2 METODOLOGIA .................................................................................................................. 16 2.1 Abordagem, caráter e método de pesquisa ......................................................................... 16 2.2 Técnica de coleta e análise de dados .................................................................................. 17 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 21 3.1 Trajetória do Desenvolvimento Regional ........................................................................... 21 3.2 Desenvolvimento Endógeno ............................................................................................... 23 3.3 Desenvolvimento Endógeno em Santana do Livramento .................................................. 29 4. INSERÇÃO DA VITIVINICULTURA NA CAMPANHA GAÚCHA .............................. 34 4.1 A Vitinicultura em Santana do Livramento ........................................................................ 34 4.2 Projeto Terroir Salton ......................................................................................................... 37 5 ANÁLISE DO PERFIL DOS VITICULTORES E PROPRIEDADES RURAIS ................ 44 5.1 Projeto Terroir em Santana do Livramento: Caracterização detalhada e especificidades regionais ................................................................................................................................... 44 5.2 Estímulo ao desenvolvimento local: exploração da dinâmica produtiva e oportunidades econômicas ............................................................................................................................... 48 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 68 ANEXO 1 ................................................................................................................................. 73 ANEXO 2 ................................................................................................................................. 74 11 1 INTRODUÇÃO A concentração da posse de terras em grandes propriedades extensivas, característica da região Sul do Rio Grande do Sul, e a dependência do setor pecuário como principal motor econômico são fatores que historicamente contribuíram para o menor desenvolvimento dessa região em comparação com o norte do estado. Assim, quando se analisa o declínio da região Sul do estado, há uma associação desse fenômeno com a prolongada crise do setor pecuário, que impactou toda a base exportadora da região, composta pela pecuária, pelas charqueadas e, posteriormente, pelos frigoríficos, caso característico de Santana do Livramento (Heydt, 2016). Santana do Livramento/RS, município localizado na região da Campanha Gaúcha, possui destaque na produção agropecuária, sendo a tradição do município a criação de gado (Achutti, 2011). O município caracteriza-se, assim como os demais municípios da região, pela extensão territorial, com paisagem formada por extensos campos planos ou pouco ondulados e vegetação rasteira característica do Bioma Pampa (Manfio; Medeiros, 2017). Situado ao longo do paralelo 31, apresenta condições favoráveis para o cultivo vitivinícola (Simas; Troian; Roncato, 2019). A indústria local em Santana do Livramento/RS tem baixa representatividade em comparação com os setores agropecuário e de serviços, conforme Engelmann (2009). Embora a fruticultura ofereça oportunidades de lucro, os produtores enfrentam obstáculos como altos investimentos e necessidade de mão de obra qualificada. Estes fatores são, dentre outros, apontados como determinantes para a resistência desses agentes em realizar investimentos para diferenciar economicamente suas atividades (Engelmann, 2009). Assim, o setor terciário tornou-se um importante pilar da economia, com o comércio varejista atendendo também consumidores uruguaios. Com isso, em 2022 os setores econômicos mais relevantes em termos de empregados foram Comércio Varejista (36,2%), Serviços (27,8%), Administração Pública, Defesa E Seguridade Social (13,9%), e Agricultura, Pecuária E Serviços Relacionados (8,2%) (Ministério do Trabalho e Emprego, 2024). O quadro econômico do município se insere em um cenário mais amplo. A área que abrange Santana do Livramento/RS constitui uma região comumente referida como a "metade sul do estado", em contraste com a região mais industrializada, urbanizada e economicamente dinâmica do Rio Grande do Sul. Conforme Fortunato, Lins e Patias (2018), as dificuldades econômicas enfrentadas de forma estrutural nesse amplo território são bastante significativas e têm profundos reflexos sociais. Uma estagnação persistente, a perda de posição no produto estadual, incluindo o declínio ou desaparecimento de atividades de processamento industrial 12 (como alimentos e lã), além da frustração das possibilidades de desenvolvimento social local, são alguns dos aspectos que se combinam para criar a imagem do sul gaúcho como uma região carente de estímulos para revitalizar a economia. Como mencionado, a partir da década de 1980 a economia municipal deteriorou-se, com a agropecuária enfrentando resultados adversos, especialmente nos produtos de maior importância econômica, como carne e lã. O setor secundário, incluindo frigoríficos e processamento de lã, experimentou declínio devido à contração do mercado e à falta de atualização tecnológica. Isso levou o setor terciário a se tornar o principal pilar da economia, beneficiando-se da demanda regional e do comércio varejista, que também atende consumidores uruguaios devido à proximidade com Rivera, no Uruguai. No entanto, essa contiguidade, embora tenha impulsionado o dinamismo comercial, também trouxe importantes desafios adicionais (Fortunato; Lins; Patias, 2018). A condição de perda de dinâmica econômica e a busca contínua por alternativas que impulsionem o desenvolvimento incluem a produção de frutas e sua subsequente industrialização local, com destaque para a produção de uvas e vinhos. Em relação à vitivinicultura, o clima influencia diretamente na qualidade das uvas e, consequentemente, no produto final, tornando regiões como a Campanha Gaúcha propícias para a produção de vinhos de qualidade. A região também se beneficia de fatores como drenagem do solo, luminosidade solar, clima e características topográficas favoráveis. O desenvolvimento da vitivinicultura na Campanha Gaúcha representa uma diversificação da produção, impulsionada por incentivos externos e pela expansão das vinícolas da Serra Gaúcha. Este setor econômico é importante tanto em nível federal quanto estadual, contribuindo para o fortalecimento da economia, geração de emprego e renda, e aumento da competitividade. A cadeia produtiva da uva possui características próprias, sendo as uvas divididas em dois grupos: finas e rústicas, cada uma com diferentes destinações, como produção de sucos, vinhos de mesa, vinhos finos e espumantes (Simas; Troian; Roncato, 2019). Conforme explicam Simas, Troian e Roncato (2019), a vitivinicultura implantada em Santana do Livramento/RS e Campanha Gaúcha, foi inicialmente introduzida através de incentivos externos de empresas multinacionais, sendo a Campanha Gaúcha representativa de um processo de expansão desta atividade para áreas antes consideradas fora do eixo tradicional, isto é, sem tradição vitivinícola. Nesta porção do território gaúcho a vitivinicultura foi implantada, conforme mencionado, a partir de estudos que apontaram a viabilidade econômica da atividade, motivada a partir do interesse de complementar demais atividades produtivas já realizadas na região (Manfio; Pierozan, 2019). O início dos anos 2000 é emblemático para as atividades vitivinícolas no município. Em 2000, começou a operar a vitivinícola Cordilheira de 13 Santana, que possui 20 hectares plantados em uma área total de 48 hectares. A cooperativa Nova Aliança, formada por diversas vinícolas da região, instalou-se na cidade em 2003, com um vinhedo próprio de 40 hectares. A vitivinícola Miolo/Almadén opera em várias regiões, incluindo Santana do Livramento/RS, onde a Almadén foi adquirida pelo grupo em 2009. Seus vinhedos abrangem 1.200 hectares, com 450 hectares em produção, gerando cerca de quatro milhões de litros de vinho anualmente. (Simas; Troian; Roncato, 2019). A Salton, fundada em 1910 em Bento Gonçalves, expandiu suas operações para Santana do Livramento/RS em 2010, mediante a aquisição de terras em Santana do Livramento/RS para o plantio das videiras, iniciando as suas atividades produtivas no ano de 2012 através da instalação de sua propriedade denominada Azienda Domênico. Desde a aquisição do local, a Salton vem ampliando sua área de plantio, e implantou concomitantemente o projeto Terroir Salton, firmando parcerias com produtores rurais locais que passaram a produzir uvas para o recebimento unidade local da vinícola, estabelecendo padrões de qualidade no cultivo e manejo de vinhedos, prestando suporte técnico com foco na sustentabilidade da atividade produtiva. Existe o interesse por parte da empresa de no futuro implantar o programa de Indicação de Procedência para os vinhos produzidos com uvas produzidas na Campanha Gaúcha (Manfio, 2017; Teixeira, 2023). Nesse contexto, segundo Souza (2009), tempos de globalização demandam que as comunidades regionais e locais se organizem em torno do objetivo do desenvolvimento econômico. Esses atores têm a tarefa de estimular a inovação, reduzir os custos de produção das empresas locais e estimular sua presença nos mercados. O sucesso desta ação não será alcançado se o sistema institucional não apoiar a interação entre os atores e a aprendizagem coletiva por meio da cooperação entre empresas e organizações. Ainda conforme apresenta Souza (2009), a ação cooperativa desses agentes contribui para a formação de capital, criando economias externas e de escala, reduzindo custos de transação e criando condições para atrair empresas de maior porte. Os autores da Cruz, Rios, Einhardt e da Cruz (2016), explicam que o desenvolvimento endógeno é alcançado através do dinamismo da economia produtiva e do fortalecimento das instituições sociais, culturais, ambientais e políticas. Estas enquadram o bem-estar social a partir de novas perspectivas como meios e alternativas que favorecem processos que buscam um desenvolvimento mais sustentável. Este pensamento endógeno afirma que as instituições e os principais fatores de produção para o desenvolvimento local, como o capital social, o capital humano, o conhecimento, a investigação e o desenvolvimento, devem ser desenvolvidos de acordo com o potencial de cada região, isto é, de dentro para fora. 14 Dado o cenário exposto, a partir das novas formas produtivas e de organização do projeto Terroir Salton, a questão central deste estudo é: Quais aspectos do Projeto Terroir Salton se caracterizam como promotores do Desenvolvimento Endógeno em Santana do Livramento/RS? Justifica-se, portanto, a escolha da abordagem teórica, já que o modelo endógeno de desenvolvimento é baseado sobre os recursos localmente disponíveis e pela otimização de aplicabilidade dos mesmos, maximizando os impactos positivos e minimizando os impactos negativos da economia local. 1.1 Objetivo Geral Analisar o Projeto Terroir Salton relativamente à promoção do desenvolvimento endógeno em Santana do Livramento/RS. 1.2 Objetivos Específicos - Descrever o Projeto Terroir Salton; - Apresentar as características dos produtores integrados ao projeto Terroir Salton em Santana do Livramento/RS; - Identificar as contribuições do Projeto Terroir Salton para o desenvolvimento endógeno. 1.3 Justificativa A escolha do tema deste trabalho de conclusão de curso justifica-se pela relevância crescente da vitivinicultura na Campanha Gaúcha, especialmente em Santana do Livramento/RS. Tradicionalmente marcada pela pecuária e caracterizada por desigualdades econômicas, a região apresenta um PIB modesto e enfrenta desafios históricos de desenvolvimento. No entanto, com a expansão da produção de uvas e vinhos, impulsionada por iniciativas como o Projeto Terroir Salton, surgem novas oportunidades de crescimento econômico e social. Nesse contexto, a análise do setor vitivinícola como possível promotor do desenvolvimento endógeno da região é relevante no sentido de entender como essa atividade pode impulsionar a economia local, gerar empregos e promover a integração social. O Projeto Terroir Salton representa uma iniciativa significativa para dinamizar a economia de Santana do Livramento/RS, incentivando o turismo, investimentos e a inovação no setor vitivinícola. A abordagem teórica do Desenvolvimento Endógeno, valoriza os recursos locais e a participação comunitária, será utilizada para compreender como o projeto pode servir 15 como um catalisador de mudanças positivas. Esta análise é essencial para elaborar políticas públicas e estratégias empresariais eficazes, alinhadas com as necessidades locais e que promovam um crescimento sustentável e integrado. Além da importância econômica, a motivação pessoal para a realização deste estudo reside na formação como Tecnóloga em Agroindústria e na experiência prática no setor vitivinícola. Além disso, ter nascido e crescido na região proporciona uma compreensão profunda das suas dinâmicas e desafios. Assim sendo, justifica-se também que este trabalho pretende contribuir com os estudos existentes sobre desenvolvimento endógeno, oferecendo contribuições para fortalecer as estratégias e políticas recomendadas por pesquisadores como Schepa (2018) e Teixeira (2023). Ao focar na vitivinicultura como um eixo de transformação, este estudo visa compreender como o desenvolvimento sustentável e resiliente pode ser alcançado através da valorização dos recursos locais e da cooperação comunitária. 16 2 METODOLOGIA Neste capítulo, serão apresentados os procedimentos metodológicos que foram empregados, mediante a exposição da abordagem, do caráter e do método, assim como os procedimentos de coleta de dados. A seção a seguir apresentará abordagem, caráter e o método aplicados. 2.1 Abordagem, caráter e método de pesquisa Metodologicamente aplica-se uma abordagem com foco quanti-qualitativo de caráter descritivo e exploratório para a elaboração da pesquisa. A investigação que utiliza métodos qualitativos e quantitativos de forma combinada centra-se em descrições detalhadas de fenômenos complexos, incluindo os seus aspectos situacionais, ou em análises aprofundadas (Galvão; Pluye; Ricarte, 2018). Uma pesquisa com métodos mistos envolve uma combinação de abordagens, objetivando generalizar os resultados qualitativos, ou aprofundar a compreensão dos resultados, ou corroborar os resultados (Paranhos, 2016; Pluye, 2012, et al. Galvão; Pluye; Ricarte, 2018). A adoção da abordagem qualitativa justifica-se na medida em que se adequa à compreensão do fenômeno social ora estudado. As pesquisas que se caracterizam enquanto qualitativas permitem que seja descrito o problema em sua complexidade, tendo em vista a relação entre variáveis e o entendimento da dinâmica do fenômeno (Richardson, 2012; Bruchêz et al., 2015). Por sua vez, a abordagem quantitativa aporta objetividade por meio de resultados quantificáveis e uma visão geral da população estudada. A integração das abordagens qualitativa e quantitativa tem evoluído ao longo do tempo, refletindo uma compreensão mais aprofundada e uma abordagem mais sistemática. Essa abordagem, conhecida como pesquisa mista, busca tirar proveito das vantagens de ambas as abordagens, oferecendo uma compreensão mais abrangente e robusta das especificidades do estudo (Bruchêz et al., 2015; Galvão; Pluye; Ricarte, 2018). Neste sentido, considerando a abordagem do método misto, é importante destacar que a pesquisa social visa a melhoria das condições de vida. Para isso, é necessário integrar diferentes pontos de vista, métodos e técnicas, promovendo a evolução dos conceitos relacionados à pesquisa científica e sua metodologia (Richardson, 2012). Quanto ao caráter descritivo, além de descrever fatos, o estudo preliminar tem como objetivo principal familiarizar-se com um fenômeno que será investigado, de modo que esse 17 possa ser projetado com maior compreensão e precisão. O estudo exploratório que pode usar qualquer uma de uma variedade de técnicas geralmente com uma amostra pequena, permite escolher as técnicas mais adequadas para a sua investigação e decidir sobre as questões que mais adequadas para a investigação e decidir sobre as questões que necessitam de maior ênfase e investigação detalhada (Piovesan; Temporini 1995). A subseção a seguir apresenta as técnicas de coleta e análise dos dados. 2.2 Técnica de coleta e análise de dados Com relação à técnica de coleta de dados, foram empregados os procedimentos de pesquisa documental e bibliográfica, além de levantamento primário e secundário de dados mediante pesquisa de campo, com a realização de entrevistas e diário de campo. O roteiro de entrevistas e a análise dos dados estão referenciadas a partir de Schepa (2018). Toma-se como base o mesmo instrumento de pesquisa, considerando as características a seguir como elementos do desenvolvimento endógeno (Quadro 1). Quadro 1- Elementos do Desenvolvimento Endógeno Característica Referências - fatores de produção; - ciência e tecnologia; - capital humano; - pesquisa e desenvolvimento, conhecimento; - instituições; - retenção de excedente econômico; - atração de excedentes originários de outras regiões. Amaral Filho (várias obras) Vázquez-Barquero (várias obras) - relação entre os agentes; - capacidade de organização coletiva. Cepeda (1993) Fochezatto, 2010 Souza (2009) Vázquez-Barquero (várias obras) - estabelecimento de políticas de fortalecimento; - qualificação das estruturas internas; - gerador de inovação; - relações com a sociedade local. Amaral Filho (várias obras) Cabugueira (2000) Vázquez-Barquero (várias obras) Steinkel; Baumgarten, 2017 Schumpeter (1997) Tenório, 2007 Fonte: elaboração própria a partir de Schepa (2018) e Teixeira (2023) Portanto, seguindo o modelo metodológico proposto por Schepa (2018), para abordagem qualitativa foram aplicadas técnicas de pesquisa bibliográfica e documental. 18 Segundo apresenta Gil (2008), a pesquisa bibliográfica é realizada a partir de materiais já elaborados, constituídos principalmente por livros e artigos científicos, semelhante a pesquisa documental que se difere através da natureza das fontes. Dentro do contexto delineado, foi estabelecida uma amostra não probabilística composta por produtores que participam do projeto Terroir Salton, inseridos no âmbito do município de Santana do Livramento/RS, onde desenvolvem atividades relacionadas à vitivinicultura. A amostra incluiu 12 produtores do município, de um total de 25 produtores que compõem o Projeto Terroir Salton Campanha, os quais estão distribuídos em 8 municípios (Quadro 2). Quadro 2 ? Distribuição Viticultores Terroir Salton Azienda Domenico, Santana do Livramento/RS MUNICÍPIO/RS Nº VITICULTORES/MUNICÍPIO PERCENTUAL % TERROIR CAMPANHA Bagé 4 16 Salton Santana do Livramento Azienda Domênico Dom Pedrito 3 12 Lavras do Sul 1 4 Pinheiro Machado 1 4 Quaraí 1 4 Rosário do Sul 2 8 Santana do Livramento 12 48 Uruguaiana 1 4 TOTAL Viticultores Terroir Campanha 25 100 Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da pesquisa Com base na seleção dos produtores, foram aplicadas entrevistas utilizando o instrumento de coleta de dados adaptado conforme apresentado por Schepa (2018) e Teixeira (2023). Destaca-se que o instrumento de pesquisa elaborado por Schepa (2018) e posteriormente adaptado por Teixeira (2023) foi o principal embasamento de coleta de dados para esta investigação, foi analisado e respectivamente validado como instrumento de pesquisa adequado as considerações que englobam a abordagem do desenvolvimento endógeno. O roteiro do instrumento de coleta de dados consta nos anexos deste documento. O estudo, mediante questionários e diário de campo, buscou maior profundidade, focando no aprofundamento das questões em vez da distribuição de características da população, já que permite, de acordo com Gil (2008), maior flexibilidade no planejamento, com 19 objetivos que podem ser reformulados ao longo da pesquisa, estudando um único grupo ou comunidade, focando na interação entre seus componentes. O diário de campo desempenhou um papel crucial na pesquisa, permitindo à pesquisadora registrar percepções e interpretar eventos. O quadro 3 expõe a equivalência entre os objetivos específicos e as técnicas de pesquisa empregadas. Quadro 3 ? Relação entre objetivos específicos, coleta e análise de dados Fonte: Elaborado pela autora Em síntese, o estudo seguiu a metodologia de Schepa (2018), combinando técnicas de pesquisa bibliográfica e documental para uma abordagem quanti-qualitativa, com uma amostra não probabilística composta por produtores do projeto Terroir Salton em Santana do Livramento/RS. Dos 25 produtores da Campanha Gaúcha, 12 foram selecionados e 6 participaram das entrevistas, que foram complementadas pelo uso de um diário de campo. Os contatos iniciais foram feitos por telefone, WhatsApp e e-mail, e os dados foram coletados por meio de questionários validados e entrevistas, sendo organizados para demonstrar os resultados Objetivo Metodologia de Pesquisa Técnicas de coleta Fonte de informações Técnica de análise dos dados Objetivo específico 1 Descrever o Projeto Terroir Salton. Qualitativa de abordagem mista, descritiva/exploratória Pesquisa Bibliográfica e documental. Materiais já elaborados, livros e artigos científicos, websites, etc. Análise descritiva do objeto de estudo. Questionário/entrevista, elaborado com base em Schepa, (2018) e Teixeira (2023). Pesquisa documental e Levantamento primário de dados. Deriva da pesquisa de campo/diário de campo. Análise descritiva do objeto de estudo. Descrever características e funções. Explorar as informações coletadas. Objetivo específico 2 Apresentar as características dos produtores integrados ao projeto Terroir Salton em Santana do Livramento/RS. Produtores do Projeto Terroir Salton em Santana do Livramento/RS. De acordo com amostragem probabilística sugerida para análise. Objetivo específico 3 Identificar as contribuições do Projeto Terroir Salton para o desenvolvimento endógeno em Santana do Livramento/RS. Pesquisa Bibliográfica e documental. Questionário elaborado/entrevista com base em Schepa, (2018) e Teixeira (2023). Diário de campo. Materiais já elaborados, livros e artigos científicos, websites, etc. Produtores locais vinculados ao projeto. Observações realizadas, impressões e/ou conclusões. 20 alcançados.Os objetivos da pesquisa foram contemplados a partir da análise descritiva, buscando observar as características dos produtores pesquisados. 21 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As teorias de desenvolvimento regional passaram por mudanças significativas recentemente, especialmente em regiões tradicionalmente industriais. Até a década de 1970, essas teorias baseavam-se na polarização das atividades, frequentemente com intervenção estatal. Como resultado, a abordagem teórica do desenvolvimento regional pode ser categorizada em três grupos distintos. O primeiro grupo aborda questões relacionadas à localização; o segundo grupo trata das relações intersetoriais e; o terceiro grupo se concentra no desenvolvimento endógeno, uma abordagem mais contemporânea. Este capítulo está estruturado em três seções, cada uma das quais discutirá os princípios e conceitos relacionados ao desenvolvimento regional. 3.1 Trajetória do Desenvolvimento Regional As teorias clássicas da localização, estão baseadas na análise microeconômica, retomam os estudos dos modelos tradicionais de pensadores como J. Von Thünen, Alfred Weber, Walter Christaller e Auguste Losch. Johann Heinrich Von Thünen é amplamente reconhecido como o pioneiro na teoria econômica da localização. Em 1826, ele apresentou um modelo que contemplava uma cidade isolada, suprida por fazendeiros circundantes. Thünen argumentava que, devido aos custos de transporte, os aluguéis de terra diminuiriam à medida que se distanciassem da cidade. No decorrer do século XX, geógrafos alemães como Weber, Christaller e Losch expandiram as ideias de Thünen, contribuindo com teorias da localização que levavam em consideração a disposição geográfica do mercado e os custos de transporte (Amaral Filho, 2001; Bellingieri, 2017). Por outro lado, o segundo grupo, trata das teorias intersetoriais do desenvolvimento regional, de inspiração Keynesiana e inseridas na análise macroeconômica, têm como elemento comum a presença de uma atividade econômica líder que impulsiona o crescimento dos demais setores da economia, em encadeamento. Essas teorias seguem o paradigma de cima para baixo, centrado em uma força externa, exógena, que entra na região e desencadeia o desenvolvimento. (Bellingieri, 2017; Schepa, 2018). Os autores desta fase são François Perroux (1977), com o conceito de pólos de crescimento; Gunnar Myrdal (1956), com a noção de causação circular cumulativa, e; Albert Hirschman (1958), que contribui com o entendimento dos efeitos para frente e para trás (Fochezatto, 2010). 22 Em relação aos polos de crescimento, Perroux (1977) entende que a identificação e promoção de áreas específicas ? os polos, impulsiona o crescimento econômico em uma região, com a distribuição dos benefícios desse crescimento para toda a área. Destaca-se o papel da indústria motriz como a indústria que possui a propriedade de movimentar o mercado de outros setores industriais com os quais aquela esteja relacionada. Perroux (1977) ainda explica que o crescimento ocorre de forma não homogênea no espaço, manifestando-se pontualmente nos polos de crescimento, com intensidade que varia, expandindo-se por diferentes caias e com variações também sobre os efeitos finais no sistema econômico como um todo (Fochezatto, 2010; Teixeira, 2023). Por sua vez, no Modelo de Causação Circular Cumulativa, proposto por Gunnar Myrdal, caracteriza-se um processo de retroalimentação progressiva na economia regional. Destaca-se a importância de um ciclo cumulativo de causação entre diferentes setores da economia, em que o crescimento em um setor pode levar ao crescimento em outros setores, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico (Myrdal, 1960). Quando uma nova indústria se estabelece em uma região, isso gera um aumento na renda e na demanda local. Esse aumento subsequente na renda e na demanda acaba por impulsionar outras atividades na região, criando um ciclo de causa e efeito que se retroalimenta. Myrdal destaca que o poder de atração de um centro econômico geralmente tem origem em um evento histórico inicial de sucesso. Esse centro cresce continuamente às custas de outras localidades, estabelecendo um ciclo de crescimento contínuo. Ele sugere que são os fatores exógenos que impulsionam esse sistema continuamente (Bellingieri, 2017; Amaral Filho, 2001). A ideia de Hirschman de encadeamentos para frente e para trás denota os efeitos inter- relacionados entre os investimentos entre os diferentes setores de atividades econômicas, em um encadeamento que reflete sobre os fornecedores (efeitos para trás) e sobre os consumidores e setores relacionados (efeitos para frente). Nesta perspectiva, a relação entre os diferentes setores econômicos é capaz de interromper o ciclo vicioso do subdesenvolvimento, à medida em que os encadeamentos para frente e para trás impõe uma nova dinâmica e direção aos processos produtivos. Na ausência de encadeamentos entre as atividades que formam o sistema econômico é que se encontra a caracterização das economias subdesenvolvidas, circunstâncias essas a serem superadas para que o processo de desenvolvimento ocorra (Teixeira, 2023). Desta forma, as teorias até a década de 1980 explicavam o desenvolvimento regional através de fatores exógenos à região. A partir de mudanças causadas pela globalização houve um esgotamento dessas abordagens. Assim, a abordagem teórica que trata do desenvolvimento regional endógeno é uma resposta ao processo de globalização, o qual tenta analisar o atraso 23 em determinadas regiões, considerando o papel dos atores locais. Neste sentido, a próxima seção trata especificamente sobre a teoria de desenvolvimento endógeno. 3.2 Desenvolvimento Endógeno A compreensão do estudo sobre a ciência econômica e os fatores envolvidos na abordagem do desenvolvimento endógeno envolve os ciclos da vida social, a produção e reprodução da vida através das trocas e da cooperação, ou seja, o funcionamento da sociedade e suas relações. A intenção particular desta pesquisa é articular esse conhecimento de forma ampla, buscando o aprimoramento da capacidade intelectual e profissional, como capital humano em ação, com maiores competências e habilidades, aprofundando os conhecimentos em busca de melhores resultados e oportunidades. Como salienta Tenório (2007), o fortalecimento do território ocorre ao buscar potencializar suas capacidades por meio de ações internas planejadas por diversos atores, incluindo sociedade civil, mercado e poder público. A teoria do desenvolvimento endógeno surge na década de 1980 a partir da confluência de várias linhas interpretativas do desenvolvimento, visando a uma noção que se adequasse à análise de localidades, regiões e territórios. Destaca-se nesse movimento o trabalho de Antonio Vázquez-Barquero, em conjunto com pesquisadores como Sergio Boisier e Jair do Amaral Filho. Essa abordagem considera o desenvolvimento como um processo territorial impulsionado pela capacidade de inovação da sociedade, enfatizando a eficácia das políticas desenvolvidas e implementadas pelos atores locais (BARQUERO, 2010). Na perspectiva do desenvolvimento endógeno, o crescimento econômico precisa estar enraizado no território, com ênfase na capacidade empreendedora e de investimento baseadas em recursos e poupança locais, fundamentais para um crescimento de longo prazo sustentável (BARQUERO, 2010). Para Amaral Filho (1996), o desenvolvimento endógeno é um processo de baixo para cima, onde o desenvolvimento é estruturado pelos próprios atores locais, em contraste com um planejamento centralizado de cima para baixo. Isso implica um contínuo aumento da capacidade de agregar valor sobre a produção e do potencial de absorção da região, promovendo a ampliação do emprego, produto e renda local (AMARAL FILHO, 2001). Segundo Barquero (1993), o desenvolvimento econômico local tornou-se a estratégia dominante de desenvolvimento territorial, superando a época em que a economia dependia apenas das decisões da administração central e grandes empresas. O foco passou a ser na melhoria da produtividade e competitividade das empresas locais, superando a 24 desindustrialização e desorganização urbana, atuando em territórios com altas taxas de desemprego e necessidade de mudança na estrutura produtiva (BARQUERO, 1993). Esta teoria tem como foco analítico os mecanismos de acumulação de capital que estão imediatamente relacionados ao crescimento econômico das localidades, em um processo marcado pela incerteza que muda de acordo com condições de mercado e decisões de agentes, o que o caracteriza como um processo evolutivo. Assim, a dotação de recursos específicos do território e as decisões e capacidade de investimento dos agentes econômicos concorrem junto aos mecanismos de acumulação de capital como a organização dos sistemas de produção, a difusão de inovações e a mudança em instituições (BARQUERO, 2007). No contexto de globalização e competitividade crescente entre empresas e territórios, a abordagem do desenvolvimento endógeno é útil para entender a dinâmica econômica das cidades e regiões, propondo medidas que estimulam a acumulação de capital (BARQUERO, 2000). Assim, o desenvolvimento endógeno é entendido como um crescimento econômico contínuo que aumenta a capacidade de agregar valor e reter excedentes econômicos, resultando em mais emprego, produto e renda na região (AMARAL FILHO, 2001). Contudo, não deve ser visto como isolacionista, mas como um processo de fortalecimento interno de uma região, criando um ambiente atrativo para consolidar o desenvolvimento local ou atrair novas atividades econômicas, com uma perspectiva de economia aberta e sustentável. Este modelo é agora elaborado pelos atores locais, e não pelo planejamento centralizado, para garantir crescimento a longo prazo com competitividade, distribuição de renda e mínimo impacto ambiental. Fatores como ciência, tecnologia, capital humano, pesquisa e desenvolvimento, conhecimento, instituições e meio ambiente devem ser estabelecidos de forma endógena (AMARAL FILHO, 1996). Enquanto teoria, o desenvolvimento endógeno integra diferentes interpretações sobre o fenômeno do desenvolvimento, com ênfase em processos de desenvolvimento de territórios e países em contraste com os processos de crescente integração econômica, política e social. Nas palavras de Barquero (2007, p.184), se trata de una aproximación territorial al desarrollo, que hace referencia a los procesos de crecimiento y acumulación de capital de una localidad o un território? sendo que estas localidades/territórios se caracterizam por ?cultura e instituciones que le son propias y en las que se basan las decisiones de ahorro e inversión. A formação de excedentes econômicos é um fator inescapável no desenvolvimento de uma região. De acordo com a perspectiva do desenvolvimento endógeno, as variáveis cuja 25 dinâmica conjunta conduz ao processo de desenvolvimento devem ser endógenas à própria região, não sendo resultado da atuação de forças externas à comunidade local. Em outras palavras, o desenvolvimento endógeno baseia-se nos recursos regionais e não depende de um fluxo de renda gerado externamente pela demanda externa, sobre o qual a comunidade local não tem influência. Ao realizar o potencial de geração de excedentes a partir dessas variáveis intrínsecas, obtém-se o desenvolvimento endógeno (Araújo, 2014; Teixeira, 2023). Para isso, concorrem fatores determinantes que se coadunam na promoção do desenvolvimento regional. Entre eles estão a criação e difusão de inovação, a flexibilidade na organização produtiva, redes locais, economias de aglomeração e instituições fortes. Esses elementos formam um sistema coeso que valoriza os recursos locais e requer o envolvimento ativo da comunidade local, liderando um processo de mudança estrutural. Isso amplia significativamente a capacidade de gerar e agregar valor à produção local, assim como absorver e reter o excedente econômico. O resultado desse processo é a criação e acumulação de riqueza em âmbito regional, contribuindo para a melhoria do bem-estar da comunidade (Amaral Filho, 2002; Araújo, 2014; Barquero, 2001). A mudança institucional, conforme enfatizado por Barquero (2010), é uma força motriz do desenvolvimento, pois regula os processos de produção, as relações comerciais e as decisões de investimento dos atores econômicos. Portanto, um arcabouço institucional flexível e adaptável é fundamental para estimular o crescimento econômico e promover uma distribuição mais equitativa dos benefícios do desenvolvimento. Barquero e Rodríguez-Cohard (2016) destacam que as decisões de investimento das firmas e dos atores econômicos são fortemente influenciadas pelas normas e regras culturais vigentes em cada território. Essas normas moldam os contratos, os acordos comerciais e o comportamento da população, influenciando diretamente o caminho de desenvolvimento de uma região. Quanto à participação da população, Cepeda (1993) ressalta que as regiões mais atrasadas do país enfrentam obstáculos tanto exógenos, como o comportamento das regiões mais desenvolvidas, quanto endógenos, como a resignação e determinismo das suas populações, que impedem uma forte mobilização para exigir melhorias. É fundamental perceber que, além da mera aglomeração de empresas, esses sistemas produtivos representam uma coletividade ativa de agentes públicos e privados com interesses comuns. Eles trabalham de forma colaborativa para manter a dinâmica e a sustentabilidade do sistema, buscando não apenas a prosperidade econômica, mas também transformações sociais positivas (Barquero; Rodríguez- Cohard, 2016). 26 Barquero (2001) afirma que o desenvolvimento endógeno promove a flexibilidade na organização da produção, permitindo que sistemas produtivos locais reutilizem economias externas não exploradas. Para isso, é necessário que o sistema de relações econômicas, sociais e institucionais envolva todos os atores para a introdução de inovações. Por outro lado, a organização flexível da produção, juntamente com o desenvolvimento das cidades e a difusão das inovações, desempenha um papel crucial no desenvolvimento endógeno das regiões, de forma que o modelo se retroalimenta. Esses elementos estruturantes, como destacados por Amaral Filho (2002), são essenciais para a criação e sustentabilidade dos sistemas produtivos locais. A organização flexível da produção permite a interação entre empresas, fornecedores e clientes, gerando economias de escala nos sistemas produtivos locais, facilitando a inovação e reduzindo os custos de transação (Barquero, 2007). De fato, o desenvolvimento endógeno é uma abordagem que considera o crescimento econômico como um processo territorial no qual a capacidade de inovação da sociedade impulsiona a transformação da economia. No que diz respeito à inovação, Schumpeter (1997) reconhece que o empreendedorismo e a inovação são as principais forças para o desenvolvimento econômico, ocorrendo através da introdução de novos bens, métodos de produção, mercados, fontes de matéria-prima ou organização industrial. Essas inovações são difundidas e absorvidas por meio de redes de empresas e instituições, estimulando a aprendizagem e a produtividade. Schumpeter (1997) definiu o desenvolvimento como a realização de novas combinações, que podem ocorrer de várias maneiras: ? Introdução de um novo bem ou uma nova qualidade de um bem no mercado, algo que os consumidores ainda não conheciam. ? Introdução de um novo método de produção, que pode ser uma forma inovadora de produzir ou comercializar um produto. ? Abertura de um novo mercado, onde a indústria ainda não tinha presença. ? Descoberta de uma nova fonte de matérias-primas ou insumos. ? Estabelecimento de uma nova organização na indústria, como a formação de um monopólio ou a fragmentação de um existente. Essas formas de inovação têm o potencial de impulsionar o desenvolvimento econômico de uma região. Segundo a teoria endógena, a difusão das inovações e do conhecimento desempenha um papel crucial nesse processo. De acordo com Barquero (2000), a acumulação 27 de capital está intrinsecamente ligada à acumulação de conhecimento e tecnologia. Portanto, o desenvolvimento econômico depende da introdução e disseminação de inovações e conhecimento, impulsionando a transformação e a renovação dos sistemas produtivos. Quando as inovações e o conhecimento são introduzidos e disseminados, o estoque de conhecimento tecnológico de um sistema produtivo é aprimorado, resultando na geração de economias de escala benéficas para todos os participantes desse sistema. Desse modo, a inovação é vista como um resultado coletivo da cooperação entre as empresas que compõem o sistema, aumentando a produtividade e a competitividade das economias locais (Barquero, 2003). No entanto, segundo o mesmo autor, a capacidade de aprendizado das empresas e sua flexibilidade para adotar essas inovações são essenciais. Quando as empresas têm baixa capacidade de aprendizado ou falta de flexibilidade, a difusão das inovações pode encontrar resistência. Além disso, Barquero (2003) ressalta que a introdução e a difusão das inovações são influenciadas pelas características das instituições de um sistema produtivo, como normas sociais, culturais e políticas, bem como centros de pesquisa, universidades e associações. Quanto mais flexíveis e de qualidade forem essas redes de atores, mais eficazes serão os mecanismos de inovação. Barquero (2010) destaca a importância da inovação e da difusão do conhecimento para o crescimento econômico contínuo. Ele explica que o investimento em bens de capital, capital humano e pesquisa e desenvolvimento gera retornos crescentes de escala por meio da difusão de inovações e conhecimento no sistema de produção. Essa melhoria na qualidade dos recursos humanos, juntamente com a introdução de novas tecnologias e o acúmulo de conhecimento através de pesquisa e desenvolvimento, cria um efeito de inovação que se espalha pelo ambiente econômico. O desenvolvimento regional endógeno considera a sociedade civil local e os processos de relação social e organização, permitindo um crescimento equilibrado e sustentado a longo prazo, sem divergir da base cultural e social da região (Barquero, 1988). Com isso, o desenvolvimento endógeno faz parte da questão regional e contribui para superar desigualdades regionais, expondo os instrumentos de política necessários para sua correção. Além disso, a cooperação entre os atores locais e um ambiente democrático que promova a participação de diversos segmentos da sociedade nas decisões que afetam a economia são elementos essenciais para o desenvolvimento institucional das sociedades (Barquero; Rodríguez-Cohard, 2016). Cabugueira (2000) destaca a importância de identificar os elementos culturais como ponto de partida para o desenvolvimento endógeno, já que costumes e formas de pensar locais estimulam o desenvolvimento econômico. Segundo Souza (2009), o desenvolvimento de 28 pequenas regiões depende da organização interna e mobilização de forças locais, como empresários, universidades e órgãos públicos. Conforme Barquero (1988), a forte identidade da cultura local tende a assimilar novas realidades produtivas e novos esquemas de relações sociais com poucos custos sociais e culturais. As atividades industriais se integram na vida social e cultural local, desenvolvendo e potencializando os valores antigos sem conflitos. No mesmo sentido, de acordo com Costa (2010), a cultura está estreitamente relacionada às instituições, as quais influenciam os custos de transação e o acesso à informação na economia. O ambiente institucional de uma sociedade desempenha um papel crucial na criação de condições favoráveis ao crescimento econômico. Como destacado por Barquero e Rodríguez-Cohard (2016), as normas, regras e valores culturais moldam as decisões de investimento e a dinâmica econômica de cada território. Instituições flexíveis e adaptáveis, que promovem a cooperação entre os atores locais e a participação democrática na tomada de decisões, são fundamentais para criar um ambiente propício ao desenvolvimento econômico. A interação entre os agentes assume posição de destaque. Neste aspecto, destacam-se a confiança entre os agentes, a construção de redes de comunicação e a proximidade organizacional. Por isso, o sistema institucional fortalecido é necessário na promoção do desenvolvimento na medida em que estrutura estas relações, estimula a cooperação, a inovação e a aprendizagem a nível regional (Araújo, 2014). O Quadro 4, adaptado de Schepa (2018), apresenta a caracterização do processo de desenvolvimento endógeno a partir dos autores indicados na coluna pertinente. Quadro 4? Caracterização do Desenvolvimento Endógeno Característica Referências Inclusão de outros fatores de produção, bem como ciência e tecnologia, capital humano, pesquisa e desenvolvimento, conhecimento, instituições e meio ambiente. Todos estes fatores devem ser estabelecidos na região pelo meio endógeno. Amaral Filho, 1996 Retenção de excedente econômico criado na economia local ou atração de excedentes originários de outras regiões, resultando no aumento do emprego, do produto e da renda do local ou da região. Amaral Filho, 2001 O processo cumulativo passa pela relação entre os agentes e pela sua capacidade de organização coletiva. Fochezatto, 2010 Estabelecimento de políticas de fortalecimento e qualificação das estruturas internas visando à fundação do desenvolvimento local como gerador de inovação. Steinkel; Baumgarten, 2017 Estabelecimento de relações do setor com a sociedade local. Steinkel; Baumgarten, 2017 Fonte: Adaptado de Schepa, 2018 e Teixeira (2023) 29 Conforme se pode observar no Quadro 4, os autores convergem ao reforçar os aspectos supracitados das estruturas locais de organização dos agentes, amplamente difundidos em âmbito regional e articulados de maneira complexa. Nesse contexto, há sinergia entre os atores, resultando na criação e retenção de excedente econômico em um processo produtivo marcado pela inovação, contribuindo para o desenvolvimento da região. Segundo Barquero (2010), o desenvolvimento econômico evoluiu para reconhecer que a acumulação de capital, a inovação e a mudança institucional desempenham papéis centrais. A acumulação de capital, em última análise, é acumulação de conhecimento e tecnologia. Esse processo é impulsionado pela introdução e difusão de inovações e conhecimento, promovendo a transformação dos sistemas produtivos. Especificamente nas regiões rurais, enfrentam-se desafios adicionais devido à nova divisão internacional do trabalho, como o despovoamento, a falta de infraestrutura básica e a poluição ambiental. Barquero (2010) destaca a necessidade de especialização das regiões rurais em atividades produtivas onde possuam vantagens competitivas nos mercados nacionais e internacionais. As áreas rurais podem impulsionar seu próprio desenvolvimento ao possuírem instituições flexíveis, capacidade inovadora e empreendedora, e integração na economia global através de redes e sistemas produtivos, comerciais e tecnológicos (ADAM, 2020; BARQUERO, 2010). Conforme sintetiza Teixeira (2023), no desenvolvimento endógeno, observa-se a forte identidade local, com integração das atividades industriais aos aspectos sociais e culturais da região, com participação diferenciada dos governos locais. Assim, verificam-se estreitas relações entre os agentes econômicos, com marcada capacidade de organização da coletividade, contando com os atores da sociedade civil, do mercado e do poder público. 3.3 Desenvolvimento Endógeno em Santana do Livramento O Desenvolvimento Endógeno tem sido base para estudos sobre o caso de Santana do Livramento. Essa seção dedica-se às pesquisas de Schepa (2018) e Teixeira (2023). O estudo de Schepa (2018) trata da emergência do setor olivícola em Santana do Livramento/RS, e sobre como esse setor está contribuindo para o desenvolvimento regional endógeno. Diante da saturação das áreas de plantio em países produtores tradicionais de azeitonas, Santana do Livramento/RS desponta como uma nova fronteira para o cultivo de oliveiras devido ao seu clima e condições geográficas favoráveis. O estudo da autora analisa a evolução do cultivo de oliveiras no município, 30 comparando-a com a produção no estado do Rio Grande do Sul e no Brasil. Além disso, caracteriza os produtores locais e investiga as dinâmicas de emergência e desenvolvimento do setor olivícola na região. Os principais resultados indicam que, apesar de recente (com apenas nove anos de existência), o cultivo de oliveiras em Santana do Livramento/RS já é produtivo e inclui a produção de produtos industrializados. A pesquisa também sugere que o setor tem potencial para se consolidar como um exemplo de desenvolvimento regional endógeno a longo prazo, uma vez que apresenta características típicas desse tipo de desenvolvimento, como cooperação entre produtores, obtenção de insumos e mão de obra locais, e reinvestimento dos lucros no próprio município. Por fim, a pesquisa de Schepa (2018) aponta que, com o suporte adequado, o cultivo de oliveiras pode trazer retornos positivos não apenas para o setor olivícola, mas também para outros setores, como o turismo, beneficiando a economia local de forma mais ampla. Por sua vez, a análise feita por Teixeira (2023) investiga o potencial do turismo como uma alternativa para revitalizar regiões economicamente deprimidas, focando especificamente na Rota Turística Ferraduras dos Vinhedos.O estudo da autora tem como objetivo descrever as atividades turísticas existentes ao longo dessa rota e analisar se essas atividades possuem características de desenvolvimento endógeno. Os resultados de Teixeira (2023) indicam que a maioria das empresas envolvidas na rota turística recebeu algum tipo de financiamento do mercado ou de instituições financeiras. Observa-se também um processo em andamento de desenvolvimento endógeno, caracterizado por um alto nível de cooperação entre as empresas. A mão de obra especializada, os insumos e a tecnologia utilizados pelas empresas são majoritariamente obtidos localmente ou na região próxima, o que é crucial para o desenvolvimento endógeno e a geração de renda. Em suma, a pesquisa aponta que a Rota Turística Ferraduras dos Vinhedos possui um potencial significativo para promover o desenvolvimento econômico local e sustentável, valorizando a região e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população local. No caso do estudo sobre as oliveiras, notou-se que o cultivo de oliveiras está crescendo, contribuindo para a geração de renda local e apresentando características de desenvolvimento endógeno (SCHEPA, 2018). Como se pode ver, as autoras analisam diferentes objetos em ralação ao seu potencial em termos de promotores do desenvolvimento endógeno. Especificamente no contexto desses estudos, o desenvolvimento endógeno foi analisado sob o entendimento de que endógeno é o desenvolvimento que aproveita os fatores de produção e conhecimentos existentes dentro da própria região, ajustando gradualmente os aspectos tecnológicos, 31 organizacionais e institucionais necessários. Esse tipo de desenvolvimento utiliza a diversidade produtiva, comercial e cultural local, promovendo a integração e criando economias de escala que facilitam o crescimento regional sustentável. Esse tipo de desenvolvimento se caracteriza pelo uso maximizado de fornecedores locais de materiais e serviços, criando uma dinâmica de desenvolvimento que é menos vulnerável a choques externos, embora possa ter um crescimento econômico mais lento, especialmente nas fases iniciais (SCHEPA, 2018; TEIXEIRA, 2023). Conforme salienta Teixeira (2023), empresas envolvidas nesse processo geralmente são pequenas e microempresas, que geram um número significativo de empregos em relação ao capital investido, especialmente quando comparadas com empresas de maior porte. Essas empresas são harmonizadas com a cultura empresarial local e com o perfil dos recursos humanos da região. Nesse sentido, a promoção do desenvolvimento endógeno busca estimular o empreendedorismo entre os cidadãos, facilitando a criação de novas empresas, oferecendo apoio através de incubadoras de empresas, organizando métodos socioprodutivos favoráveis, oferecendo capacitação empresarial, gerencial e tecnológica, desenvolvendo Arranjos Produtivos Locais (APLs), contribuindo para o acesso a crédito ou microcrédito e promovendo mecanismos de Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável. Tendo em vista a abordagem das autoras, sobre a produção olívicola e seu potencial promotor do desenvolvimento endógeno, temos que a maioria dos produtores não participa de organizações ou associações setoriais, e apenas alguns são membros da IBRAOLIVA, uma associação que promove o desenvolvimento da olivicultura no Brasil. Por outro lado, ocorre entre esses produtores o que a autora denominou por cooperação informal. Contudo, a cooperação informal entre produtores é limitada. Metade dos produtores coopera entre si, enquanto a outra metade não participa de ações cooperativas. Com relação ao destino do excedente econômico da atividade no município, Schepa (2018) identificou que a maioria dos produtores reinveste seus lucros em infraestrutura, tecnologia e expansão dos seus empreendimentos rurais. Além disso, alguns também utilizam parte dos lucros para benefícios familiares. Muitos produtores olivícolas pesquisados por Schepa (2018) no município desenvolvem seus empreendimentos com recursos próprios. Todavia, alguns buscaram crédito no sistema financeiro, e um produtor recebeu apoio do SEBRAE. Em relação às práticas favoráveis especificamente ao desenvolvimento endógeno, foi constatado que a tecnologia de produção é majoritariamente adquirida localmente, com uma parte importando 32 tecnologias. Da mesma forma, a maioria dos insumos é adquirida localmente. Quanto aos recursos humanos, a maioria dos produtores encontra mão de obra especializada na região. Além disso, a maioria dos produtores tem acesso a instituições de apoio no município, e poucos produtores têm demandado apoio financeiro externo. Em termos de gestão, a maioria dos produtores não demanda apoio específico para gestão, mas aqueles que o fazem geralmente encontram esse apoio no município. Por outro lado, sobre a Rota Turística Ferradura dos Vinhedos, Teixeira (2023) salienta que turismo na região ainda está em expansão e não apresenta um desenvolvimento endógeno totalmente estruturado. Organização e Cooperação estão entre os principais aspectos a se destacarem na pesquisa. Metade das empresas participa de associações, indicando um processo positivo de organização. Além disso, mais da metade das empresas coopera entre si, favorecendo o desenvolvimento do setor. Em relação ao financiamento e uso do excedente econômico, a maioria das empresas usa crédito financeiro, enquanto outras se desenvolvem com recursos próprios. Por outro lado, excedentes econômicos são majoritariamente reinvestidos no próprio estabelecimento, contribuindo para o lazer, família, educação, imóveis, e mercado financeiro local. Em termos de tecnologia e recursos humanos, a tecnologia de produção e suporte ao empreendimento são adquiridos localmente ou na região e a maioria dos funcionários e insumos de produção são encontrados no município, reforçando o desenvolvimento endógeno. Quanto à inovação, as empresas ainda não demandam inovações, apontando uma defasagem nesse aspecto. Políticas públicas, por sua vez, têm pouca influência no setor, indicando um estímulo insuficiente do poder público para o turismo. Embora haja atividades frequentes de planejamento e desenvolvimento, enfatiza-se que o setor ainda está em amadurecimento. Em conclusão o turismo na Rota Ferradura dos Vinhedos possui várias características que favorecem o desenvolvimento endógeno, como cooperação entre empresas e uso de recursos locais. No entanto, a falta de inovação demandada e o fraco estímulo das políticas públicas indicam áreas para melhorias. A relação positiva com a sociedade local e o reinvestimento de excedentes contribuem para o crescimento sustentável do setor (TEIXEIRA, 2023). A pesquisa de Schepa (2018) contribui para uma compreensão mais profunda do desenvolvimento endógeno na região, apontando para a necessidade de políticas públicas e uma maior cooperação para fortalecer ainda mais este processo. Em contraste, Teixeira (2023) foca na Rota Turística Ferradura dos Vinhedos em Santana do Livramento/RS, avaliando suas características de desenvolvimento endógeno. O estudo mostra que o turismo 33 na região está em expansão, mas ainda não atingiu um desenvolvimento endógeno completamente estruturado. Em síntese, a análise do desenvolvimento endógeno em setores específicos, como a olivicultura e o turismo, revela dinâmicas distintas e complementares nas regiões estudadas, conforme indicado por Schepa (2018) e Teixeira (2023). Schepa (2018) identifica que os produtores olivícolas enfrentam uma recepção mista de diferentes atores regionais. Enquanto consumidores locais, empreendedores do setor e turistas tendem a receber bem os produtores, há uma indiferença perceptível por parte das associações comerciais e industriais e do poder público. Apesar desses desafios, a pesquisa destaca que a produção olivícola possui elementos de desenvolvimento endógeno. Este desenvolvimento é fomentado pela cooperação entre empresas e pelo uso de recursos locais, incluindo mão de obra. O reinvestimento dos lucros na comunidade e a utilização de recursos locais são aspectos fundamentais que impulsionam esse tipo de desenvolvimento. 34 4. INSERÇÃO DA VITIVINICULTURA NA CAMPANHA GAÚCHA Neste capítulo, serão apresentadas a origem e a evolução da vitivinicultura no Brasil, destacando a influência da imigração italiana e o desenvolvimento do setor na Região Sul. A seguir, serão discutidas a concentração da produção na Serra Gaúcha e a expansão para a Campanha Gaúcha, devido às condições favoráveis de solo e clima. Serão analisados dados sobre a área plantada, a importância econômica do setor e o papel das grandes vinícolas na modernização da viticultura. O texto também abordará os desafios e as oportunidades do setor, enfatizando a necessidade de inovação, tecnologia e cooperação para o crescimento sustentável da vitivinicultura brasileira. 4.1 A Vitinicultura em Santana do Livramento No Brasil a vitivinicultura originou-se com o processo de imigração italiana, partindo de vários locais da Itália, para a região Sul do país a partir de 1875 (Sarmento, 2017 apud Simas, Troian; Roncato, 2019). O Brasil apresenta um considerável progresso no setor vitivinícola em quantidade produzida e qualidade dos produtos, sendo necessária a adequação das empresas às exigências do mercado com consequente ajuste gerencial, emprego de tecnologia e controle de qualidade, tanto dos produtos quanto da produção (Guerra; Tonietto, 2003). A produção de uvas está concentrada nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste (Fajardo, 2003). Ao analisar a evolução do setor vitivinícola nacional, Mello e Machado (2022), apontam que a área plantada com videiras no Brasil, em 2021, foi de 75.007ha, ou seja, 0,24% superior à apurada no ano anterior. Os autores apresentam ainda que a área com viticultura se concentra na Região Sul, e representou 73% da área total nacional, sendo o Rio Grande do Sul o principal estado produtor (IBGE, 2023). Retomando Melo e Machado (2022), a análise realizada conclui que a área com vinhedos permaneceu constante, registrando no ano de 2021 a maior produção conquistada no Brasil, com aumento significativo no Rio Grande do Sul e no Vale do São Francisco. Além do aumento na produção e nas vendas dos produtos processados (vinhos, espumantes e suco de uva), transcorre uma significativa participação de mercado, diversificando as expectativas para a atividade vitivinícola brasileira. No que se refere ao Rio Grande do Sul, ao longo do tempo, ele mantém o destaque na vitivinicultura, sendo o maior produtor de uvas do país destinadas à elaboração de vinhos (Choudhury, 2001). Historicamente o vinho faz parte da tradição cultural italiana e tornou-se uma referência no Brasil, principalmente na Região Sul. A tradição de elaboração de vinhos por 35 imigrantes italianos conduz costumes familiares e o modelo de produção artesanal. A manutenção da identidade cultural, local e regional contribui positivamente para a construção de novos potenciais turísticos para a região sul. A produção de vinho na Serra Gaúcha tem contribuído para o crescimento da economia regional e desencadeado atividades relacionadas à viticultura (Abreu et al., 2013). A região da Serra Gaúcha concentra 79,7% das propriedades vitícolas do Rio Grande do Sul, correspondendo à 87% do total da produção gaúcha (Lattuada et al., 2020). Contudo, alguns problemas como a dificuldade de expansão da área cultivada e condições climatológicas limitantes para a produção de uvas viníferas restringem o desenvolvimento do setor nesta localidade. Altera-se, assim, a lógica de investimentos, havendo necessidade de deslocamento do centro dinâmico da vitivinicultura para outras regiões do país e do Rio Grande do Sul, permitindo explorar uma nova condição para a cadeia produtiva desta atividade (Rombaldi; Ferri, 2007). Manfio (2019), explica que as condições da região da Serra Gaúcha, como a limitação de área disponível e a necessidade de ampliar a produção de vinho, conduziu um movimento de transferência da produção da vitivinicultura para a Campanha Gaúcha. A disponibilidade de terras com valores mais acessíveis, trouxeram uma tentativa de diversificar a economia da região da Campanha, isto é, localidade caracterizada historicamente por grandes propriedades, com a exploração da pecuária e agricultura. Assim, surgiram alternativas para o desenvolvimento da fruticultura, vitivinicultura, silvicultura, entre outras atividades, movimento este também relacionado a empresas do setor vitivinícola da Serra Gaúcha que entrarem na fronteira (Manfio,2019). A região da Campanha Gaúcha corresponde a uma faixa de terra na fronteira entre o Brasil e o Uruguai. A região apresenta um clima favorável à viticultura, especialmente ao cultivo de variedades europeias, o que faz com que a região se destaque na produção de vinhos de elevada qualidade (Barbosa et al, 2017). Todavia, considerando-se os aspectos históricos e econômicos, o plantio de uvas na Região da Campanha Gaúcha ainda surpreende, já que foi a partir da colonização italiana na Serra Gaúcha que se obteve conhecimento e desenvolvimento da produção de vinho e um forte engajamento desses imigrantes para evolução e estabelecimento dessa cultura neste país (Sarmento,2017). A instalação de indústrias vitivinícolas na Campanha se fortaleceu a partir de estudos realizados pela Universidade de Davis (Califórnia), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, concluindo, em 1973, que as microrregiões da Campanha e do Sudeste do 36 Estado gaúcho possuem as melhores características para o cultivo de variedades viníferas nobres europeias (Ferreira, 2005 apud Engelmann, 2009). No mesmo sentido, conforme Ferreira (2018), estudos indicam que esta região, localizada geograficamente sobre o paralelo 31, apresenta solo e clima ideais para a produção de uvas com características que promovem a qualidade da produção. A matéria-prima empregada na região da Campanha, nessas condições de clima e relevo, desenvolve uma combinação de fatores fisiológicos que impulsionam a obtenção deste resultado. Corroborando com a discussão, Tonietto (2001) propõe que as riquezas correspondentes à vitivinicultura mundial estão diretamente relacionadas com a diversidade de ecossistemas que a compõem. O município de Santana do Livramento/RS está localizado na Campanha Gaúcha, e pode ser descrito como um município de extensão territorial notória, mesmo em relação aos demais municípios da região; em que predomina a atividade agropecuária com destaque para a produção bovina e o cultivo de arroz e de soja. A indústria local tem pouca representatividade em termos de PIB. A paisagem é marcada pelo Bioma Pampa, e sua posição geográfica sobre o paralelo 31 indica as condições favoráveis para o cultivo vitivinícola. Todavia, a fruticultura não é atividade típica na região (Achutti, 2011; Manfio; Medeiros, 2017; Simas; Troian; Roncato, 2019). Neste contexto, conforme explicam Simas, Troian e Roncato (2019), a vitivinicultura implantada em Santana do Livramento/RS e Campanha Gaúcha, foi inicialmente introduzida através de incentivos externos de empresas multinacionais, sendo a Campanha Gaúcha representativa de um processo de expansão desta atividade para áreas antes consideradas fora do eixo tradicional, isto é, sem tradição vitivinícola. Nesta região gaúcha, a vitivinicultura foi implantada, conforme discutido anteriormente, a partir de estudos que apontaram a viabilidade econômica da atividade, motivada a partir do interesse de complementar demais atividades produtivas já realizadas na região (Manfio; Pierozan, 2019). Assim, vem se consolidando em Santana do Livramento/RS a aplicação de tecnologia baseada na agricultura capitalista, através do uso grande capital e grandes áreas de cultivo, isto é, economias de escala através da utilização da mecanização e de diferentes métodos de cultivo e gestão e de competitividade (DIAS 2007 apud SARMENTO, 2017). A Vinícola Almadén foi pioneira em Santana do Livramento/RS. Quanto à extensão da propriedade, caracteriza-se como média propriedade rural. O faturamento a caracteriza atualmente como grande empresa, pois ultrapassa os R$300 milhões. Sua evolução ocorre, assim, de forma não convencional se comparada aos padrões do Estado, onde verifica-se predominância de cultivos familiares e de pequena propriedade na atividade da vitivinicultura (Achutti, 2011; Teixeira, 2023). 37 Seguindo, além da Almadén, estão instaladas outras vitivinícolas na cidade de Santana do Livramento/RS, como a antiga Santa Colina, hoje Cooperativa Vitivinícola Agroindustrial Nova Aliança, e a Cordilheira de Santana. A cooperativa é originária de Flores da Cunha, na Serra Gaúcha, e se instalou no município utilizando-se da planta de tecnologia japonesa da antiga Vitivinícola Santa Colina (multinacional) que hoje nomeia as marcas dos produtos ali elaborados. Já a Cordilheira de Santana, localizada na Vila Palomas, surgiu como um investimento familiar em uma pequena propriedade rural. Esta última é a única empresa dentre as mencionadas a não ser originária da Serra Gaúcha (Manfio, 2017; Simas; Troian; Roncato, 2019; Teixeira, 2023). Conforme informações públicas disponibilizadas no site da empresa (SALTON, 2023), a Vitivinícola Salton adquiriu terras no município de Santana do Livramento/RS no ano de 2010. As atividades produtivas foram iniciadas no ano de 2012, quando da instalação da propriedade Azienda Domênico. Desde então a área de plantio vem sendo ampliada, bem como iniciou-se o projeto denominado Terroir Salton. A matéria-prima utilizada para a elaboração dos produtos na Azienda Domenico é a uva. Destaca-se que, a maior parte da matéria-prima que é utilizada na produção das unidades da Vinícola Salton, cerca de 95%, é comprada de produtores parceiros (Salton, 2023). 4.2 Projeto Terroir Salton As informações para a descrição do projeto foram coletadas e fornecidas pela Salton, com os estudos delimitados à aplicação do código de conduta, que estabelece diretrizes sobre o comportamento esperado das pessoas que interagem com a empresa. O código de conduta visa promover princípios éticos que orientam a empresa, contribuindo para melhores escolhas em situações cotidianas, tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho. O código também destaca que estudos escolares e acadêmicos são uma forma de fomentar uma sociedade mais sustentável. No entanto, o compartilhamento de informações sobre a empresa deve ser limitado ao conteúdo público disponível no website oficial da Salton. Assim, as considerações apresentadas nesta seção foram baseadas nas informações disponíveis publicamente, servindo de suporte para a discussão e análise dos resultados. Informações adicionais são consideradas confidenciais e seu compartilhamento é proibido, conforme especificado no código de conduta da Salton. Portanto, o levantamento das informações foi realizado com base nos principais relatórios disponíveis no website da Salton. 38 A ocorrência de mudanças nos padrões de produção e consumo, com a adoção de práticas e comportamentos mais sustentáveis, define a continuidade e o avanço das atividades agrícolas. Nesse contexto, a promoção do desenvolvimento ganha ênfase, valorizando e incentivando boas práticas de uso da terra de forma pragmática e colaborativa. O Projeto Terroir Salton é uma iniciativa de uma empresa familiar multigeracional que assumiu um papel de relevância ao contribuir para os avanços no campo. Ao adotar essa postura, a empresa expressa sua identidade e história familiar com respeito ao meio ambiente, trabalhando em conjunto com os produtores envolvidos no projeto. Isso estimula oportunidades para redefinir padrões e práticas no setor, expandir o conhecimento e engajar toda a cadeia de valor. O projeto Terroir Salton é uma iniciativa que integra a vinícola com os viticultores, tendo iniciado em 2016. Além de apoiar o desenvolvimento dos vinhedos, o projeto estabelece parcerias com produtores rurais da região para a produção e fornecimento de uvas para a unidade produtiva da Salton Azienda Domênico em Santana do Livramento/RS. A iniciativa envolve o fornecimento de suporte técnico para garantir os padrões de cultivo e manejo dos vinhedos, bem como assegurar a qualidade do produto. Conforme já assinalado, a empresa tem interesse em implementar futuramente um programa de Indicação de Procedência para os vinhos produzidos a partir de uvas da região da Campanha Gaúcha (Manfio, 2017; Teixeira, 2023). A essência do projeto é impulsionar o desenvolvimento econômico e social das comunidades locais, com foco especial em Santana do Livramento/RS. Ele transcende o âmbito técnico da viticultura, estendendo-se às questões sociais e trabalhistas, promovendo a conscientização dos produtores sobre direitos humanos, trabalhistas e boas práticas agrícolas. Essa abordagem é concretizada por meio de programas de capacitação e orientação, em colaboração com instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), que incluem auditorias, capacitações, distribuição de cartilhas e manuais técnicos, bem como eventos de conscientização. O objetivo fundamental é estimular o desenvolvimento sustentável e a inovação, assegurando a qualidade do produto e fortalecendo as relações entre a vinícola e seus parceiros. Considerando as características de modelo de negócio desta iniciativa, e de acordo com Souza (2009), o desenvolvimento regional visa melhorar a qualidade de vida e convivência de uma comunidade, além do crescimento econômico e mudança social. Isso requer a estimulação da inovação, redução de custos de produção e aumento da presença das empresas locais nos mercados. O sucesso depende do apoio institucional à interação entre atores e à aprendizagem coletiva. A cooperação entre agentes contribui para a formação de capital, criação de economias 39 de escala, redução de custos de transação e atração de grandes empresas. Nesse sentido, os dados documentais, também apresentam uma novidade do encadeamento incluí a safra 2023 ? 2024, a vitivinícola conduziu, por meio de uma empresa independente, auditorias em parte das propriedades rurais que fornecem uva para a companhia. Dentre esta e outras medidas complementares, também a orientação junto aos produtores rurais sobre a utilização de métodos para facilitar a eficiência operacional e técnica no momento da colheita da uva 1 . Busca-se, por meio de diversas ações, ampliar o diálogo e disseminar as melhores práticas entre os produtores rurais associados à empresa. Para além das melhorias nos processos operacionais, são promovidos treinamentos e orientações, tanto internos quanto externos. Além do desenvolvimento técnico, o projeto visa estabelecer parcerias sustentáveis com os produtores, disseminar boas práticas sociais e trabalhistas, fomentar a inovação, reduzir os custos de produção e aumentar a presença nos mercados. Também se prioriza a conservação da biodiversidade, o manejo sustentável e o fortalecimento das relações econômicas, políticas e sociais, bem como a transparência e credibilidade nas relações de trabalho 2 . A perspectiva dos especialistas em vitivinicultura da empresa é evidenciada, com foco nas duas principais regiões brasileiras de produção de uvas: a Serra Gaúcha e a Campanha Gaúcha. Projetos de pesquisa científica impulsionam novas descobertas e inspiram o avanço técnico da viticultura nacional, enquanto os produtores rurais participantes do programa Terroir Salton testemunham essa evolução, compartilhando suas experiências. Conforme consta em vídeo institucional, O reconhecimento do potencial vitivinícola na Campanha Gaúcha estimula o cultivo de variedades de uvas e a produção de vinhos que cada vez mais expressam as características únicas daquela região (SALTON, 2021) A partir de uma colaboração entre entidades públicas e privadas iniciada há mais de uma década, surgiu em 2022 o primeiro guia de adubação para vinhedos da Campanha Gaúcha. Este projeto é conduzido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e pelo GEPACES (Grupo de Estudos de Predição de Adubação e Potencial de Contaminação de Elementos em Solos), com o apoio da Salton. Na versão inaugural do guia, foram apresentados valores de referência para nutrientes em folhas, juntamente com recomendações de doses ótimas de adubação conforme as melhores práticas técnicas para a produção de uvas. A cartilha de 1 Relatório Sustententabilidade, Salton (2023) como referencial base de coleta de dados. 2 Com base no documento Relatório Sustententabilidade Salton, de 2023. 40 amostragem e recomendação de adubação para vinhedos da Campanha Gaúcha tornou-se o primeiro guia oficial sobre o tema. Na atualização de 2023, a segunda edição, observou-se um progresso significativo nos dados relativos aos valores adequados de nutrientes tanto em folhas quanto no solo, em relação à produção de uvas, considerando variáveis enológicas no mosto. Esta colaboração entre entidades públicas e privadas promoveu ganhos de conhecimento, refinando a precisão das doses de nutrientes, aumentando a produtividade e aprimorando a qualidade dos frutos. Além disso, o conhecimento adquirido é compartilhado com outros produtores da região, contribuindo para avanços no manejo sustentável de macro e micronutrientes 3 . As pesquisas definiram os valores de referência em solo e folhas que permitem definir se é necessário ou não aplicar nutrientes. Estas informações de forma tão assertiva eram inexistentes. Além disso, doses de N,PK (nitrogénio, fósforo e potássio) foram estabelecidas Estas informações não eram conhecidas com tal precisão (SALTON, 2023). Na Figura 1 a seguir, destaca-se a colaboração entre a Azienda Domenico Santana do Livramento, o Grupo de Estudos de Predição de Adubação e Potencial de Contaminação de Elementos em Solos (GEPACES) e a Unipampa Dom Pedrito. Essa parceria representa um marco na pesquisa e desenvolvimento de práticas agrícolas sustentáveis, especialmente no contexto da produção de uvas na região da Campanha Gaúcha. 3 Relatório Sustententabilidade, Salton (2023) como referencial base de coleta de dados. 41 Figura 1 - Manhã de Campo Outubro 2023 Foto: Acervo pessoal A articulação deste projeto envolve uma parceria com grupos de produtores tanto na Serra quanto na Campanha Gaúcha. O surgimento do projeto visa um foco direto com os produtores na busca de resultados que atendam às necessidades técnicas da cadeia vitivinícola, através da orientação aos agricultores, combinando diferentes fatores de produção com foco na qualidade em vez da quantidade. Os agricultores que cultivam a uva e a entregam à Salton fortalecem os vínculos entre diferentes gerações na atividade vitivinícola. A iniciativa busca desenvolver viticultores com habilidades diferenciadas na condução de suas atividades vitícolas, incluindo técnicas de manejo e tratamento, adaptando-se às características específicas de produção, como a aplicação adequada de diferentes tipos de poda, adubação, pós-colheita e cuidados com o manejo do solo 4 . Ao valorizar o olhar do produtor e adaptar a propriedade em níveis técnicos de manejo, o projeto também considera o cuidado com o meio ambiente e o meio social onde essas pessoas estão inseridas, visando o bem-estar e segurança do viticultor. Isso inclui acesso a treinamentos 4 Relatório Sustententabilidade, Salton (2023) como referencial base de coleta de dados. 42 para facilitar o dia a dia de trabalho do produtor, além de estreitar os laços pela maior proximidade, promovendo confiança e a implantação de uma identidade própria para cada propriedade. O projeto visa aprimorar a qualidade dos produtos vitivinícolas ao focar no manejo direcionado dos vinhedos, considerando aspectos regionais e as características de cada variedade de uva. Destacando a qualidade sobre a quantidade, o projeto evidencia o potencial enológico da região e a identidade do produto brasileiro. O sucesso está ligado à colaboração entre a iniciativa privada e os produtores, e aos fatores socioeconômicos da Campanha Gaúcha, especialmente em Santana do Livramento/RS, onde a maioria dos produtores participa do programa. Apresentar o conhecimento necessário para alavancar o cultivo da videira aos produtores da Campanha, que não tinham conhecimento da forma de manejo da cultura da videira, representa um novo paradigma. Com o passar dos anos, o projeto foi se consolidando, e muitos produtores não deram continuidade pela dificuldade de assimilar novas formas de trabalho exigidas pelo manejo da viticultura. Em contrapartida, produtores que permaneceram têm a viticultura como sustento ou como diversificação das atividades produtivas, contribuindo para o desenvolvimento da viticultura na região da fronteira, potencializando o cultivo de uvas de qualidade significativa. Os atributos da região em Santana do Livramento/RS, como solo, topografia e horas de sol, representam um maior vigor vegetativo à videira, diferente do obtido pelos produtores na Serra Gaúcha, por exemplo. Surge então a necessidade de um trabalho mais científico e prático, adaptando-se à dosagem e condução aos dados mais específicos de acordo com as características da região. Esse é o objetivo do Projeto Terroir Salton, apresentar um novo referencial para a viticultura brasileira, tecnológico e sustentável, obtendo frutos com uma qualidade totalmente diferenciada que expresse as características da região, favorecendo o desenvolvimento de produtos específicos, com uma razão técnica em plena execução em Santana do Livramento/RS. Os dados evidenciam iniciativas singulares que regulamentam as relações econômicas, políticas e sociais dos indivíduos envolvidos no projeto Terroir. Essas práticas são aplicadas com transparência, o que confere credibilidade às informações compartilhadas, graças à parceria com consultores e auditores especializados e independentes. Essa relação promove um comprometimento mútuo para avançar nas práticas de conservação da biodiversidade, no manejo sustentável e no desenvolvimento da viticultura, por meio da implementação de técnicas 43 de manejo responsável e sustentável. Esse processo resulta na evolução dos procedimentos relacionados ao cultivo da uva 5 . A análise dos dados disponíveis nos relatórios publicados pela vinícola destaca um fortalecimento e avanço significativos nos controles e monitoramentos da viticultura de precisão na Azienda Domenico. Esses avanços permitiram uma redução significativa no uso de inseticidas e outros produtos químicos. Todas essas informações são compartilhadas com os produtores parceiros, possibilitando que eles também implementem essas práticas em suas propriedades, contribuindo para evitar desperdícios. Essas estratégias de manejo são complementares aos produtos químicos, visando garantir qualidade e produtividade em uma escala sustentável 6 . Os relatórios e informações disponibilizados publicamente pela vinícola Salton vão além, demonstrando que cerca de 95% da matéria-prima utilizada na produção de vinhos, espumantes, sucos, chás e outros derivados da uva são adquiridos de produtores parceiros. Isso evidencia o comprometimento contínuo do projeto com a aplicação de evoluções técnicas e socioambientais dos produtores terceirizados. Como resultado, o acompanhamento técnico da produção em propriedades terceiras, juntamente com fóruns de desenvolvimento e conscientização, destaca-se como aspectos essenciais dessa integração. Ademais, os produtores parceiros preenchem regularmente um caderno de campo, seja físico ou digital, compilando todas as informações relevantes do manejo, o que auxilia no controle da produção. O programa terroir é inspirado na relação íntima do produtor com a natureza, cujos frutos impulsionam o desenvolvimento e promovem a evolução da sociedade, especialmente em termos de qualidade da matéria-prima e de seus subprodutos. Portanto, isso evidencia uma forma de engajamento fundamental para garantir a transparência e a parceria de todos os envolvidos na cadeia produtiva da uva. Nas próximas seções, serão discutidas e argumentadas as possibilidades encontradas por esses produtores a partir da sua inserção no projeto, discutindo se a partir dessa relação ocorre a possibilidade desses produtores serem caracterizados como promotores do Desenvolvimento Endógeno em Santana do Livramento/RS. 5 Com base no Relatório de Sustentabilidade (2023) 6 Idem. 44 5 ANÁLISE DO PERFIL DOS VITICULTORES E PROPRIEDADES RURAIS Nesta seção, são apresentados os resultados da pesquisa, caracterizando o perfil de identificação dos produtores e das propriedades rurais envolvidas. As informações, obtidas através da aplicação de questionários e organizadas em formato de quadro, permitem uma análise detalhada dos dados coletados, destacando as especificidades de cada viticultor e suas respectivas propriedades. 5.1 Projeto Terroir em Santana do Livramento: Caracterização detalhada e especificidades regionais Os produtores rurais desempenham um papel fundamental na economia nacional. O perfil do produtor rural brasileiro é caracterizado por uma diversidade que reflete as vastas dimensões territoriais e culturais do país. No caso específico dos viticultores, a matéria-prima que produzem agrega valor à diversidade de produtos derivados que podem ser elaborados. Este público, diverso e com necessidades específicas, demanda uma abordagem personalizada que considere suas peculiaridades e características únicas (ICAGRO, 2024). Nesse sentido, esta seção dedica-se a compreender o perfil dos produtores envolvidos no projeto Terroir Salton. Como mostra o quadro a seguir, os dados iniciais de identificação dos produtores revelam que são predominantemente do sexo masculino, com ensino superior completo e uma média de idade de 60 anos, todos residentes na zona urbana do município de Santana do Livramento/RS. Três deles são naturais de Santana do Livramento/RS, enquanto os outros três têm origens distintas: dois da região serrana do Rio Grande do Sul (Guaporé e Bento Gonçalves) e um de Bagé/RS. Nota-se que os entrevistados têm um elevado nível de escolaridade, o que pode contribuir para o desenvolvimento local. Além da escolaridade, outro elemento apresentado pelo quadro é a origem dos produtores, sendo que dois deles são oriundos de uma região conhecida pela cultura da uva. 45 Quadro 5 - Perfil dos Produtores Pesquisados Viticultor Sexo Idade Escolaridade Residência Município V1 Masculino 75 Superior Zona Urbana Santana do Livramento/RS V2 Masculino 65 Superior Zona Urbana Guaporé/RS V3 Masculino 55 Superior Zona Urbana Santana do Livramento/RS V4 Masculino 61 Superior Zona Urbana Bento Gonçalves/RS V5 Masculino 53 Superior Zona Urbana Santana do Livramento/RS V6 Masculino 54 Superior Zona Urbana Bagé/RS Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados primários coletados. Nesse sentido, cabe lembrar que a produção de vinho na Serra Gaúcha tem contribuído para o crescimento da economia regional e desencadeado atividades relacionadas à viticultura, sublinhando a importância dessa atividade para o desenvolvimento econômico regional baseado na tradição cultural italiana (costumes familiares e modelos de produção artesanal). Isso contribui para a construção de novos potenciais turísticos, valorizando a herança cultural e promovendo o turismo e outras atividades, como o comércio local e serviços, ampliando o impacto econômico na região (Abreu et al., 2013). Em relação aos produtores que pertencem à região da Campanha Gaúcha, Manfio (2019) destaca que a transferência da vitivinicultura para a Campanha Gaúcha, especificamente para Santana do Livramento/RS, com terras mais baratas e um clima favorável para a viticultura, tornou-se um novo polo de desenvolvimento endógeno. Essa mudança contribui para diversificar a economia local, tradicionalmente baseada na pecuária e agricultura, promovendo novas atividades impulsionadas por investimentos e tecnologia. Contribuindo com essa discussão, Barquero (2007) propõe que o desenvolvimento endógeno deve valorizar os recursos locais e fortalecer as redes internas da comunidade. Ele argumenta que o desenvolvimento econômico não deve depender apenas de investimentos externos, mas deve aproveitar os potenciais da própria região, promovendo a autossuficiência e fortalecendo as conexões sociais e econômicas internas, criando uma base sólida para o crescimento contínuo. Ao incorporar fatores sociais e culturais no processo de desenvolvimento econômico, é possível estabelecer uma base mais sólida e sustentável para o crescimento. Isso resulta em benefícios compartilhados por toda a comunidade local, promovendo um desenvolvimento equilibrado e duradouro. No contexto deste estudo, o setor vitivinícola se destaca por fornecer informações relevantes sobre os aspectos da vitivinicultura e o potencial rural em Santana do Livramento/RS. Essas dinâmicas refletem a importância e o impacto desse setor na economia e no conjunto de 46 práticas, crenças, tradições e valores que permeiam as comunidades que vivem e trabalham neste segmento. Essa diversidade de origens estimula a descoberta de novas abordagens e estratégias de produção. Assim, a utilização eficaz dos recursos locais, combinada com a valorização das tradições culturais, tem o potencial de impulsionar um desenvolvimento sustentável e autossuficiente (Barquero, 2007). Enquanto isso, Fochezatto (2010) argumenta que, para um desenvolvimento ser sustentável e beneficiar a comunidade local, deve-se incorporar as características específicas da população e da região. Em relação aos aspectos produtivos das propriedades vitivinícolas, os viticultores que participam do Projeto Terroir Salton conduzem a viticultura em propriedades rurais de pequena extensão. Cerca de 50% trabalham em minifúndios, enquanto os outros 50% operam em pequenas propriedades rurais. Mesmo em áreas limitadas, eles conseguem cultivar uvas de interesse econômico para vinificação e derivados, alinhados com o cenário nacional da atividade. O Quadro 6 sumariza algumas informações sobre os respondentes no que se refere às suas propriedades. Quadro 6 ? Respondentes quanto à caracterização da propriedade Viticultor Tamanho da propriedade (Hectares) Área Vinhedos (Hectares) Classificação da propriedade Principal Atividade V1 15 5 Minifúndio Pecuária V2 4 3 Minifúndio Produção de Uvas Viníferas V3 70 28 Pequena Propriedade Rural Produção de Uvas Viníferas V4 10 6,5 Minifúndio Produção de Uvas Viníferas V5 73,46 20,51 Pequena Propriedade Rural Produção de Uvas Viníferas V6 45 20 Pequena Propriedade Rural Produção de Uvas Viníferas Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados primários coletados. Dentre os dados levantados, apenas um entrevistado tem como atividade principal a pecuária, enquanto os outros cinco são dedicados ao plantio de uvas viníferas. O pecuarista enfatizou a questão da rentabilidade de produção entre as atividades, assegurando que a viticultura proporciona um rendimento maior, apesar de atualmente receber um valor menor pelo preço da uva. Ele destaca a importância das mudanças na distribuição espacial e sua evolução ao longo do tempo, especialmente no contexto da vitivinicultura. Fochezatto (2010) destaca a relevância da rentabilidade e da variedade para o crescimento interno. Ele argumenta 47 que um desenvolvimento sustentável e favorável à comunidade local deve considerar as características específicas da população e do local, adotando métodos de produção mais eficazes e diversificados. Essa estratégia contribui para o aumento dos lucros e assegura um progresso econômico constante e independente. Outros produtores que se dedicam exclusivamente ao cultivo de uvas não apenas consideraram o rendimento da atividade e a vantagem da localização para sua implementação e execução em suas propriedades, mas também destacaram outros aspectos. Um deles enfatizou que, além do aspecto financeiro, encontrou satisfação em praticar uma atividade que foi aprimorada durante seu tempo trabalhando para uma multinacional local, uma motivação que derivou de suas experiências anteriores na agricultura ao lado de seu pai. Nesse sentido, ele buscou estabelecer vinhedos em suas terras, integrando o conhecimento e a experiência adquiridos ao lado de seu pai no campo. Além disso, ele aplicou essa aprendizagem em seu trabalho, continuando a desenvolver suas habilidades e ampliar seu conhecimento ao longo do tempo. O protagonismo do conhecimento local é evidente na trajetória desse viticultor, que iniciou sua jornada na atividade vinícola com os ensinamentos transmitidos pelo pai, destacando a importância da transmissão intergeracional de habilidades dentro da própria comunidade. Ele pôde adaptar e aplicar seus conhecimentos locais para beneficiar sua própria produção, contribuindo assim para fortalecer a economia local. O investimento e a expansão de sua área de cultivo refletem um compromisso de longo prazo com a região, demonstrando sua confiança no potencial do local. Esse exemplo destaca a transmissão de conhecimento, experiência prática, investimento e expansão, iniciativa e empreendedorismo local, rede de incentivos e o reinvestimento de ganhos na comunidade local. Hirschman (1958) argumenta que o investimento em capital humano e social, juntamente com o aproveitamento dos conhecimentos locais, pode impulsionar um desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo. Esses pontos destacam como o desenvolvimento da vitivinicultura em Santana do Livramento/RS é impulsionado por recursos internos, experiências e redes de apoio locais, configurando um claro exemplo de desenvolvimento endógeno. 48 5.2 Estímulo ao desenvolvimento local: exploração da dinâmica produtiva e oportunidades econômicas Nesta seção, será apresentada a dinâmica produtiva e as oportunidades econômicas incentivadoras do desenvolvimento local. Os dados primários apresentados no Quadro 7 revelam que 50% dos produtores são assalariados locais do setor vitícola, que viram na uma oportunidade de diversificar sua renda e aplicar sua experiência prévia a esse cultivo. A outra metade dos dados coletados é toda da região, envolvida em atividades empreendedoras, e implantaram a viticultura em suas propriedades em busca de diversificação de renda. Ao serem questionados sobre o motivo de escolherem o município, um deles responde sobre porque escolheu Santana do Livramento/RS para a viticultura: "Já era funcionário de uma empresa que trabalhava na viticultura e decidi ter também um pequeno negócio voltado a esse ramo" (V4). Enquanto o outro explica a sua escolha: "Para estudar, comecei a trabalhar na multinacional do ramo e dei continuidade para diversificar a renda" (V2). Outro produtor explica que a região propicia e os investimentos já recorrentes no setor o incentivaram a escolha do município para aplicação da atividade. Quadro 7 - Perspectivas na Vitivinicultura: diversificação de renda Viticultor % Perfil V1, V3, V5 50 Empreendedor urbano da região investindo na vitivinicultura para diversificar renda. V2, V4, V6 50 Assalariado local vendo na vitivinicultura uma oportunidade de diversificação de renda. Fonte: Elaborado pela autora cm base nos dados primários coletados. As respostas apresentadas aqui revelam uma característica distinta, na qual o conhecimento prático incentiva a busca pela diversificação da renda por meio da viticultura. Esse incentivo é resultado do contato e da experiência prévia, sugerindo que essa configuração faz parte do processo histórico da região. Por outro lado, a intensificação da produção de uvas na região foi impulsionada pela implantação de multinacionais e pela sua potencialidade edafoclimática, o que destaca a necessidade de direcionar recursos como terra, trabalho, capital e empreendedorismo essencialmente para essa atividade, variando em importância conforme o contexto econômico. Assim sendo, segundo Fochezatto (2010), é decisivo reconhecer e integrar as especificidades sociais e culturais dos indivíduos e da região para promover um crescimento que seja realmente endógeno e sustentável (Fochezatto, 2010). 49 Tendo estabelecido as questões que caracterizam esses produtores juntamente com as particularidades discutidas na abordagem teórica, a seguir será apresentado o desenvolvimento do setor da viticultura a partir da dinâmica produtiva desses viticultores vinculados ao projeto Terroir, explorando a percepção do desenvolvimento endógeno. O Quadro 8 expõe o panorama do Projeto Terroir. Quadro 8 ? Panorama Projeto Terroir Viticultor Tempo de produtividade do Vinhedo (Anos) Produção Anual (toneladas) Ano Adesão Projeto Terroir Forma de acesso ao Projeto Importância do projeto para o viticultor Estímulo ao desenvolvimento local V1 10 20 2014 Gestor anterior apresentou Logística/Menor valor do frete ?Sim, bom retorno?. V2 20 35 Não informou Gestor anterior apresentou Confiança e clareza na negociação ?Sim. Contribui muito, poucas pessoas investindo na atividade que gera emprego. Preferem soja, arroz e vaca.? V3 15 30 2019 Convidado pela Vinícola Acesso a assistência técnica e inovações ?Sim, pela aquisição contínua de uvas dos produtores.? V4 14 52 2016 Vídeo Institucional Melhoria contínua, cuidado com o meio ambiente e segurança ?Sim, oportunidade para novos parceiros, diversificando a renda no meio rural, aproveitando a qualidade de terras disponíveis?. V5 10 200 Não Informou Desconhece o projeto Não Informou Não Informou V6 20 150 2016 Parceiros Comerciais Importante meio de fomento ao setor na região ?Sim, muito importante gerando oportunidades aos produtores locais? Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados primários coletados. O Projeto Terroir Salton, implementado em Santana do Livramento/RS, destaca-se como uma possibilidade para o desenvolvimento local, beneficiando produtores que atuam na região há, em média, 14 anos. Mesmo em pequenas extensões territoriais, a produtividade das uvas viníferas é significativa, alcançando uma média de até 7 toneladas por hectare, podendo chegar até 12 toneladas por hectare, conforme indicam os entrevistados, considerando que essa variação depende diretamente das condições climáticas serem favoráveis ou não ao manejo das videiras. A pesquisa revelou que alguns produtores já tinham relações comerciais com a vinícola antes do projeto, enquanto outros se uniram após seu lançamento. Os participantes reconheceram o papel do projeto em facilitar a logística, oferecer retorno financeiro, gerar 50 empregos e criar novas oportunidades comerciais. A dinâmica e interdependência de diferentes fatores locais apresentam um panorama importante, evidenciado pela percepção dos produtores. Com base nos dados coletados, dos 6 viticultores entrevistados, foram gerados 32 empregos diretos, dos quais 4 são ocupados por mão de obra familiar, com uma média salarial de até 2 salários mínimo. A geração de empregos, embora com uma média salarial modesta, demonstra segurança financeira para as famílias envolvidas. A inclusão de mão de obra familiar não só reduz custos operacionais para os produtores, mas também pode promover reinvestimentos na própria comunidade. Fochezatto (2010) argumenta que, enquanto os vínculos externos se fortalecem, o desenvolvimento regional depende cada vez mais da capacidade da região de mobilizar seus recursos endógenos, atualizando constantemente seus processos e arranjos produtivos. A integração dessas características na prática dos viticultores e a influência positiva do Projeto Terroir indicam possibilidades de crescimento econômico sustentável e melhoria das condições de vida das comunidades envolvidas, promovendo o desenvolvimento endógeno. O Quadro 9, a seguir, apresenta a percepção dos produtores em relação as características do desenvolvimento endógeno. Quadro 9 ? Projeto Terroir percepções dos viticultores através do Desenvolvimento Regional Endógeno Característica Escala Likert Descrição Importância Aproveitamento da Comunidade Local e Recursos Internos 4 Utilização dos recursos locais e engajamento da comunidade para impulsionar o desenvolvimento local. Promove a autonomia e sustentabilidade da comunidade, reduzindo dependências externas e fortalecendo a economia local. Foco na Sustentabilidade Local 4 Priorização da utilização sustentável dos recursos locais para preservar e fortalecer a economia regional. Contribui para a conservação ambiental e o desenvolvimento econômico sustentável a longo prazo. Investimento em Desenvolvimento de Habilidades Locais 3 Capacitação da comunidade para impulsionar seu próprio desenvolvimento através do desenvolvimento de habilidades e conhecimentos. Fortalece a capacidade produtiva local, aumenta a empregabilidade e estimula o empreendedorismo. Participação Ativa da Comunidade 1 Envolvimento dos membros da comunidade nas decisões e ações relacionadas ao desenvolvimento local. Garante maior inclusão social, democracia participativa e legitimidade das ações desenvolvimentistas. Valorização da Cultura e Identidade Local Reconhecimento e promoção dos valores culturais e identidade local como fundamentais para o desenvolvimento sustentável. Preserva a identidade cultural, fortalece o orgulho comunitário e atrai turismo cultural. Integração de Conhecimentos Tradicionais e Científicos Combinação dos conhecimentos tradicionais da comunidade com técnicas e conhecimentos Maximiza a eficiência e eficácia das práticas locais, promove inovação e adaptação às mudanças ambientais e sociais. 51 Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados primários coletados e referencial teórico por Schepa (2018) e Teixeira (2023) - Frequência escala Likert. O panorama do projeto em relação às ações junto aos produtores demonstra uma diversidade de opiniões sobre a aplicação de considerações que incluem o desenvolvimento endógeno como características dessa interligação produtor e vinícola. Embora não ocorra um alinhamento total entre esses viticultores, a frequência 4 na escala Likert, demonstram as considerações sobre a importância do projeto e o desenvolvimento local, mesmo com uma variabilidade nas considerações apontadas na prática em suas propriedades, demonstrando que a participação da comunidade local e os recursos internos estão sendo aproveitados para impulsionar o desenvolvimento. Isso fica evidente quando um dos entrevistados informa enfaticamente que não tem conhecimento para conduzir suas respostas às questões direcionadas ao desenvolvimento endógeno e ao projeto. O consenso de características específicas na dinâmica da experiência prática, como as características do desenvolvimento (local) endógeno por situações específicas questionadas, são destacadas: ? Frequência de 4 a 5 pontos na escala Likert: demostra que os viticultores concordam com a impulsão do desenvolvimento a partir da utilização dos recursos internos, assim como a importância da sustentabilidade para preservação e fortalecimento da economia. Da mesma forma, a mesma parcela de produtores, estão satisfeitos com a execução do projeto junto as suas propriedades. Essas pontuações indicam que os grupos avaliados recebem a viticultura muito bem, o que é um sinal forte de desenvolvimento endógeno. Esta satisfação é um indicador de que as ações implementadas estão em consonância com as necessidades e expectativas destes viticultores, refletindo uma gestão participativa e inclusiva. A aprovação não apenas fortalece a coesão social, mas também aumenta a legitimidade e sustentabilidade dos projetos, assegurando que os benefícios gerados sejam amplamente distribuídos e valorizados. Assim, a satisfação apresentada por parte destes científicos modernos para um desenvolvimento equilibrado. Diversificação Econômica 2 Estímulo à diversificação das atividades econômicas locais para fortalecer a resiliência econômica. Reduz a vulnerabilid ade econômica, cria novas oportunidades de negócios e aumenta a estabilidade econômica regional. 52 viticultores contribui significativamente para o sucesso dos projetos de desenvolvimento, evidenciando um alinhamento eficaz entre as políticas implementadas e os anseios da população local. ? Frequência de 3 a 4 pontos na escala Likert: demostra que os viticultores sinalizaram que o investimento no desenvolvimento de habilidades e conhecimentos a partir da capacitação das pessoas são importantes para o fortalecimento local. Pontuações nesta faixa indicam uma recepção boa, mas não excelente. Isso pode significar que, embora haja uma aceitação considerável, ainda existem áreas para melhoria. Esse nível de aceitação é suficiente para sustentar o desenvolvimento endógeno, mas indica que algumas iniciativas adicionais podem ser necessárias para aumentar o engajamento e a colaboração. ? Frequência de 2 a 3 pontos na escala Likert: Estas pontuações indicam indiferença ou recepção neutra. Quando a média das respostas está nesta faixa, pode-se inferir que a viticultura não está plenamente integrada na comunidade, e o desenvolvimento endógeno enfrenta desafios. Pode haver falta de interesse ou engajamento, o que pode dificultar o fortalecimento das redes locais. ? Frequência de 1 a 2 pontos na escala Likert: Essas pontuações indicam que a viticultura é mal recebida, o que sugere barreiras significativas para o desenvolvimento endógeno. Considerando que a maioria das categorias apresenta médias superiores a 3, esse resultado é um indicativo positivo de que o desenvolvimento endógeno está em andamento, com a comunidade local participando ativamente e colaborando para o crescimento sustentável do setor vitivinícola. Os fatores mencionados podem constituir um sistema coeso que valoriza os recursos locais e demanda a participação ativa da comunidade local, liderando uma mudança estrutural. Essa dinâmica amplia consideravelmente a capacidade de gerar e agregar valor à produção local, além de absorver e reter o excedente econômico. O resultado é a criação e acumulação de riqueza em âmbito regional, contribuindo para a melhoria do bem-estar da comunidade (Amaral Filho, 2002; Araújo, 2014; Barquero, 2001). Essa visão é reforçada pela concordância de parte dos viticultores com a ideia de impulsionar o desenvolvimento a partir dos recursos internos, juntamente com o reconhecimento da importância da sustentabilidade para a preservação e 53 fortalecimento da economia. Adicionalmente, esses produtores expressam satisfação com a execução do Projeto Terroir em suas propriedades, demonstrando uma sinergia entre as práticas endógenas e os resultados observados na comunidade. Quanto à organização da atividade junto ao projeto Terroir, todos os produtores assumem o compromisso de negociar e vender a produção de acordo com o contrato vinculado com a Vinícola Salton em Santana do Livramento/RS. Portanto, a uva é entregue à vinícola, onde são produzidos vinhos e espumantes. Os vinhos não registram a marca do produtor nem a indicação de procedência desta região vitivinícola. Com exceção da parceria comercial com um desses viticultores, que vende as uvas a partir da relação com o projeto e também realiza a elaboração de vinhos em sua propriedade. Embora os produtos da empresa Salton ainda não trabalhem com a indicação de procedência, este produtor especificamente produz vinhos com essa condição. Um dos produtores não soube informar se os vinhos elaborados apresentam a indicação de procedência ou não, enquanto todos os outros sabem que esses vinhos não têm o registro de procedência. O registro de Indicação Geográfica (IG ? Indicação de Procedência) é conferido a produtos que são característicos de um local e apresentam qualidades naturais e culturais únicas, criando uma identidade própria que os distingue de seus similares disponíveis no mercado. Neste sentido, considerando a importância da identidade local, a incorporação da cultura gaúcha não se distancia de suas origens na busca pelo desenvolvimento (ASSOCIAÇÃO DOS VINHOS DA CAMPANHA, 2024). Surge assim um marketing, relações e ações que envolvem elementos como o gaúcho, a pecuária, o vinho e o Pampa, integrando o vinho à cultura regional. Os rótulos dos vinhos fazem alusão às expressões da Campanha, estabelecendo uma conexão entre valores, paisagens e a bebida, o que agrega valor e confere singularidade e identidade à região. O panorama do projeto abrange uma série de variáveis relacionadas à organização da atividade, destacadas pelo levantamento primário de dados junto aos produtores. A mão de obra desses viticultores é contratada, embora alguns façam uso tanto de mão de obra familiar quanto contratada para o cultivo das uvas. A remuneração média varia entre 1,5 e 2 salários-mínimos, com a totalidade da mão de obra sendo absorvida localmente. Além disso, a receita anual dessas propriedades é majoritariamente proveniente da viticultura, apesar de ser uma cultura sazonal. É relevante observar que os retornos gerados pela viticultura através desses produtores já superaram o investimento inicial realizado para implantação dos vinhedos. Apenas um produtor menciona ter obtido um retorno parcial em relação ao investimento inicial. Essa situação se alinha ao conceito de desenvolvimento endógeno, pois este modelo valoriza e 54 depende significativamente da participação e aprovação dos viticultores, inclusive no que diz respeito aos resultados financeiros. No desenvolvimento endógeno, as iniciativas e projetos são concebidos e implementados com base nos recursos disponíveis localmente. A abordagem do desenvolvimento endógeno considera que atores locais trabalham juntos para identificar necessidades, definir prioridades e implementar soluções. Essa colaboração pode ocorrer por meio de associações, cooperativas e redes comunitárias. A Figura 2 apresenta como os entrevistados se distribuem a esse respeito. Figura 2 ? Participação em organizações ou associações setoriais Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados primários coletados. O panorama do projeto também abrange outras variáveis que emergem da organização da atividade, revelando as principais considerações dos produtores conforme o levantamento primário de dados. Observa-se que a participação em associações setoriais não é uma prática comum entre os viticultores, como indicado na figura. Apenas 50% dos entrevistados já participaram de uma associação de produtores relacionada à viticultura, enquanto um (17%) dos produtores é atuante na Associação dos Vinhos da Campanha, fundada em 2010. A importância da Associação Vinhos da Campanha é evidenciada em diversos aspectos para o desenvolvimento do setor vitivinícola na região. Além de aperfeiçoar as técnicas de produção e padronizar a qualidade da uva, a associação capacita os produtores em gestão empresarial e fortalece o setor por meio de ações de acesso ao mercado e promoções comerciais. Esses esforços visam melhorar os resultados de comercialização dos produtores e vinícolas, 55 consolidando a imagem dos vinhos da Campanha Gaúcha como referência em qualidade de vinhos finos (ASSOCIAÇÃO DOS VINHOS DA CAMPANHA, 2024). Em relação à cooperação com outros produtores e empresas do setor, os resultados das entrevistas revelam uma variedade de perspectivas e práticas. Alguns entrevistados destacam os benefícios da cooperação, enquanto outros demonstram certa relutância em tomar decisões em conjunto com outros atores do setor. Essa falta de tomada de decisões em cooperação setorial pode comprometer diversos aspectos do desenvolvimento endógeno na viticultura, desde a eficiência operacional até a capacidade de inovação e adaptação às demandas do mercado. Barquero (2007), propõe que a cooperação e a integração entre diferentes áreas são essenciais para criar sinergias, promover a inovação e fortalecer a coesão social e econômica, elementos fundamentais para um desenvolvimento endógeno bem-sucedido. Quanto à organização da atividade junto ao projeto Terroir, todos os produtores assumem o compromisso de negociar e vender a produção de acordo com o contrato vinculado com a Vinícola Salton em Santana do Livramento/RS. Com exceção da parceria comercial com um desses viticultores, que vende as uvas a partir da relação com o projeto e também realiza a elaboração de vinhos em sua propriedade. Com base na revisão bibliográfica realizada, é possível compreender que o excedente econômico no contexto do desenvolvimento endógeno se refere aos recursos financeiros adicionais gerados por uma comunidade ou região, além do necessário para atender às suas necessidades básicas de subsistência. Portanto, Amaral Filho (2001) define o conceito de excedente econômico no contexto do desenvolvimento endógeno, destacando a importância do reinvestimento local para promover a autonomia econômica e o crescimento sustentável das sociedades. Além disso, o excedente econômico possibilita a diversificação econômica, pois permite investimentos em novos setores, reduzindo assim a dependência de um único setor econômico e fortalecendo a resiliência da economia local (Amaral Filho, 2001). A seguir, a Figura 3, representa os investimentos gerados em média a partir da obtenção do excedente econômico dos produtores entrevistados, a partir dos dados primários obtidos. 56 Figura 3? Excedente Econômico Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados primários coletados. Receber recursos externos, como crédito financeiro, pode complementar o desenvolvimento endógeno na vitivinicultura. O fato de 67% dos entrevistados terem buscado crédito mostra um esforço para financiar melhorias e expansões, aumentando a competitividade e a sustentabilidade local. Esses recursos podem ser usados em tecnologias locais, infraestrutura e capacitação da força de trabalho, fortalecendo a economia local e mantendo o foco no desenvolvimento endógeno. Além disso, essas iniciativas contribuem para as economias de localização, onde a permanência de uma indústria em um local específico aumenta as vantagens, como a oferta de trabalho qualificado, a expansão do mercado de produtos e a atração de novas empresas. A aglomeração de empresas gera interdependências tecnológicas e economias externas positivas, criando um ambiente propício para o crescimento da vitivinicultura. (Fochezatto, 2010). A Figura 4, apresenta as respostas dos produtores em relação a origem dos recursos investidos, de acordo com as respostas obtidas na pesquisa. O crédito pode facilitar a capacitação e a inovação, promovendo a adoção de práticas avançadas e beneficiando toda a comunidade. Além disso, permite a diversificação econômica e a exploração de novos mercados, aumentando a resiliência econômica da região. Embora seja um recurso externo, seu uso estratégico fortalece a autonomia econômica da comunidade, contribuindo para um ciclo virtuoso de crescimento sustentável e autossuficiência, em conformidade com os princípios do desenvolvimento endógeno (Fochezatto, 2010; Barquero, 2001). 58% 15% 3% 5% 8%3% Quantos % são investidos no empreendimento rural (infraestrutura, tecnologia, expansão do negócio) Quantos % São investidos em benefício da família (lazer, educação, cultura, infraestrutura) Quantos % São investidos em empreendimento na área urbana do município (indústria, comércio ou serviço) % São investidos em imóveis no município Quantos %São investidos em empreendimentos fora do município 57 Figura 4? Origem dos Recursos Investidos Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados primários coletados. A Figura 4, representa que obtivemos apenas duas respostas distintas entre os produtores, isto é, o desenvolvimento da atividade a partir de recursos próprios ou a partir de crédito tomado junto ao sistema financeiro. A preferência dos produtores vitivinícolas por utilizar recursos próprios no desenvolvimento de seus empreendimentos reflete não apenas uma estratégia econômica, mas também um compromisso com os princípios do desenvolvimento endógeno, conforme enfatizado por Barqueiro (2001) e Amaral Filho (2002). Essa abordagem, destacada pelos autores, fortalece a autonomia financeira dos produtores, reduzindo a dependência de financiamentos externos, e promove um ciclo virtuoso de reinvestimento interno. Ao optarem por utilizar seus próprios recursos, os produtores demonstram confiança no potencial de suas comunidades locais e na capacidade de aproveitar os recursos disponíveis de forma sustentável, alinhando-se às elaborações teóricas de Barqueiro (2001) e Amaral Filho (2002) sobre o fortalecimento dos sistemas produtivos locais. Os autores Barqueiro (2001) e Amaral Filho (2002) destacam a promoção da inovação através da interação entre diferentes atores econômicos e institucionais. Assim, ao investirem em seus próprios empreendimentos, os produtores vitivinícolas pesquisados não apenas impulsionam o crescimento econômico de suas regiões, mas também contribuem para o fortalecimento das redes sociais e econômicas locais, elementos que Barqueiro (2001) e Amaral Filho (2002) consideram fundamentais para um desenvolvimento sustentável e inclusivo. Essa preferência por recursos próprios, destacada por 33% dos entrevistados, mostra a adesão à abordagem defendida por Barqueiro (2001) e Amaral Filho (2002). Teixeira (2023) 67% 33% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Média Outro. Especificar: Não, o empreendimento vem sendo desenvolvido com recursos próprios Sim, tenho sócio ou sócios fora da região Sim, tenho sócio ou sócios na região de abrangência do município Sim, busquei crédito junto ao sistema financeiro 58 argumenta que a inovação desempenha um papel decisivo no progresso local, destacando que a ausência de inovação pode resultar em atraso no crescimento regional. Por sua vez, Barquero (2001) enfatiza que o desenvolvimento econômico e a atividade produtiva estão condicionados às inovações e ao conhecimento, uma vez que o acúmulo de capital está diretamente relacionado ao acúmulo de tecnologia e conhecimento. Em contrapartida, 67% dos produtores buscam crédito junto ao sistema financeiro, que pode ser direcionado para investimentos em tecnologias, infraestrutura, capacitação da mão de obra e inovação, fortalecendo assim a economia local e promovendo o desenvolvimento endógeno. Amaral Filho (2001) argumenta que a busca por crédito como meio de promover o crescimento sustentável e promover a autonomia econômica local é um exemplo de como as estratégias financeiras locais podem ajudar a fortalecer a economia regional. A partir do exposto, busca-se compreender como os produtores estão aplicando efetivamente os princípios do desenvolvimento endógeno em suas propriedades vitivinícolas. O Quadro 10 destaca a frequência na escala Likert de produtores que empregam essas práticas, oferecendo uma visão clara de como esses conceitos estão sendo implementados em Santana do Livramento/RS por meio do Projeto Terroir Salton. Quadro 10 ? Práticas favoráveis ao Desenvolvimento Endógeno entre as propriedades vinculadas ao Projeto Terroir em Santana do Livramento/RS Frequencia Não é algo que tenha demandado até o momento Adquire ou tem acesso no município Adquire ou tem acesso na região de inserção do município Adquire ou tem acesso fora da região Tecnologia ligada ao processo de produção 0 4 1 3 Recursos Humanos Especializados 0 6 1 0 Instituições de apoio para o desenvolvimento do setor (conhecimento) 2 2 1 1 Apoio financeiro (crédito) para o desenvolvimento do setor 2 3 0 1 Organizações de apoio para o desenvolvimento do setor (gestão) 2 2 0 1 Políticas públicas para o desenvolvimento do setor 4 0 0 1 Organizações que contribuam para o desenvolvimento de Inovações voltadas ao setor 1 1 1 2 Insumos de Produção 0 2 2 4 Apoio para o desenvolvimento do empreendimento no que diz respeito à gestão do mesmo 2 4 0 0 59 Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados primários coletados ? Frequência escala Likert. Os resultados, medidos através da escala Likert, indicam como as práticas favoráveis ao desenvolvimento endógeno são percebidas pelas propriedades vinculadas ao Projeto Terroir em Santana do Livramento/RS. As categorias com médias mais altas (próximas de 4) demonstram uma maior frequência de acesso a tecnologias, recursos humanos especializados, e instituições de apoio na própria região ou fora dela, sugerindo uma integração satisfatória dos produtores com os recursos necessários para o desenvolvimento endógeno. Por outro lado, categorias com médias mais baixas indicam uma menor utilização ou necessidade percebida dessas práticas, o que pode apontar áreas onde o desenvolvimento endógeno precisa ser fortalecido. A diversidade de respostas entre os produtores reflete a complexidade do desenvolvimento endógeno, mostrando que as opiniões podem variar de acordo com as circunstâncias individuais e as percepções dos envolvidos. No entanto, certas práticas se destacam como fundamentais para impulsionar o desenvolvimento local. Por exemplo, priorizar o uso de recursos locais reduz a dependência de fornecedores externos e fortalece a economia regional. Além disso, a promoção da inovação e o compartilhamento de conhecimento são vitais para desenvolver tecnologias adaptadas às condições locais. O engajamento da comunidade e o apoio de políticas públicas são igualmente importantes, oferecendo incentivos e suporte para o crescimento dos negócios locais. Essas abordagens, destacadas por autores como Amaral Filho (2001) e Barquero (2001, 2007), contribuem para o desenvolvimento sustentável e autônomo das regiões. As figuras subsequentes (Figura 5) e (Figura 6) resumem essas perspectivas, demostrando em percentual a demanda dos produtores por diferentes práticas de endogenização. Ao analisar os resultados, é possível identificar quais áreas precisam de mais atenção e recursos para fortalecer o desenvolvimento endógeno na região. Por exemplo, enquanto a maioria dos produtores não demanda políticas públicas, uma parte significativa expressa falta de conhecimento sobre as políticas disponíveis para o setor. Além disso, uma minoria não considera a inovação e o conhecimento como parte de suas práticas produtivas, o que ressalta a necessidade de conscientização e capacitação nesses aspectos. 60 Figura 5 ? Características do Desenvolvimento não demandadas Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados primários coletados (%). A Figura 6 representa a média percentual das perspectivas dos produtores em relação às práticas de endogenização. Destaca-se na figura que 67% dos produtores buscam apoio para a gestão, seguido por 59% que buscam e aplicam recursos humanos especializados, e 45% que buscam aplicar tecnologia ao processo produtivo. Esses números destacam a importância atribuída pelos produtores a essas práticas para impulsionar o desenvolvimento local e promover a sustentabilidade econômica. Figura 6 ? Práticas Desenvolvimento Endógeno ? Média (%) Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados primários coletados (%). 33% 33% 33% 67% 17% 33% 45% 59% 22% 34% 25% 17% 22% 44% 67% 61 As redes de endogenização na vitivinicultura de Santana do Livramento/RS facilitam a colaboração entre diversos atores locais, incluindo produtores, empresas, instituições de pesquisa, organizações comunitárias e governos locais. A cooperação com instituições acadêmicas e de pesquisa é vital para acessar novos conhecimentos e tecnologias adaptáveis às necessidades locais (Amaral Filho, 2001). A participação ativa da comunidade nas decisões locais e a inclusão de representantes de diversos setores na governança garantem que os interesses locais sejam atendidos prioritariamente. Amaral Filho (2001) e Barquero (2001, 2007) destacam a importância dessas práticas para promover o desenvolvimento endógeno. Os dados primários coletados foram adaptados para uma escala de frequência Likert para avaliar a percepção dos produtores entrevistados sobre a relação da viticultura com a sociedade local. Os resultados estão resumidos no Quadro 11, que mostra como os viticultores percebem o envolvimento da sociedade local no desenvolvimento regional. 62 Quadro 11 ? Relação com a viticultura em função da sociedade local Frequência É muito bem recebido É bem recebido A reação é de indiferença É mal recebido É muito mal recebido Produtores do setor 5 3 1 1 1 Produtores de outros setores rurais 3 3 0 0 0 Empreendedores urbanos 2 1 2 0 0 Consumidores locais 2 3 0 0 0 Fornecedores Locais 3 3 0 0 0 Turistas 1 1 1 0 0 Fornecedores não locais 3 3 0 0 0 Poder público local 1 1 5 0 0 Associação comercial e Industrial 0 2 2 0 0 Distribuidores locais 0 3 1 0 0 Ações de cooperação entre produtores setoriais 2 3 1 0 0 Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados coletados ? Frequência escala Likert. Ao analisar os resultados, podemos identificar quais áreas são bem recebidas e aceitas pela sociedade local e quais precisam de mais atenção e melhorias. Isso pode ajudar a direcionar esforços para fortalecer o desenvolvimento endógeno na região. Alta frequência de 5 indica que a viticultura é muito bem recebida pelos produtores do setor, indicam uma boa aceitação, sugerindo potencial para colaboração intersetorial. Eles veem a viticultura como altamente positiva, o que sugere um forte alinhamento com seus interesses e uma boa base para o desenvolvimento endógeno. Frequências menores de 5 e mais altas de 3 (indiferença) sugerem neutralidade ou menor entusiasmo para o setor em relação a sociedade local. Isso pode indicar a necessidade de maior envolvimento e conscientização sobre os benefícios da viticultura para obter mais apoio. Fortalecer as redes locais e a cooperação entre produtores e empresas locais é fundamental para criar um ambiente colaborativo e inovador (Fochezatto, 2010). O Quadro 12 apresenta de forma clara as respostas dos produtores na escala Likert, refletindo suas percepções variadas sobre a interação do setor vitivinícola com a sociedade local. 63 Quadro 12 ? Inserção dos entrevistados na comunidade local Frequência Nunca Raramente As vezes Frequentemen te Sempre Orçamento participativo 4 1 0 0 0 Reuniões com produtores locais de setores afins 1 0 2 2 1 Organização de eventos para promoção do setor 1 1 1 3 0 Abertura da localidade rural à visitações, desenvolvendo novas formas de negócio 1 0 3 1 1 Participação em eventos técnicos 0 0 1 4 1 Participação em eventos voltados ao desenvolvimento da região 1 1 0 3 1 Participação em eventos voltados para o desenvolvimento da viticultura em Santana do Livramento/RS 1 1 0 2 1 Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados coletados ? Frequência escala Likert. O quadro demostra a participação em eventos técnicos e em reuniões com produtores locais de setores afins foi mais frequente, com frequência 4 na escala Likert e indicando participação frequente ou sempre nesses eventos. Isso reflete um engajamento maior em atividades que promovem a troca de conhecimentos e a cooperação entre os produtores, alinhando-se com as discussões teóricas de Fochezatto, Amaral Filho e Barquero sobre a importância das redes de colaboração e do aprendizado contínuo para o desenvolvimento local (Barquero, 2001, 2007). Os resultados da escala Likert mostram uma variação significativa na inserção dos entrevistados na comunidade local. Enquanto alguns aspectos, como a participação em eventos técnicos, mostram uma alta frequência, indicando um bom engajamento, outros, como o orçamento participativo, têm uma frequência alta de "Nunca", sugerindo uma área que necessita de maior inclusão. A importância da frequência 5 (Sempre) é crítica para o desenvolvimento endógeno, pois indica uma plena inserção e engajamento dos atores locais nas atividades comunitárias e de desenvolvimento. Frequências mais baixas indicam áreas onde o engajamento precisa ser melhorado para fortalecer a economia regional e promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo. A participação ativa da comunidade nas decisões relacionadas ao desenvolvimento local, e a inclusão de representantes de diversos setores nas estruturas de governança, asseguram 64 que os interesses e necessidades locais sejam prioritariamente atendidos (Fochezatto, 2010). Fortalecer as redes locais e a cooperação, incentivar a formação de cooperativas e associações entre produtores e empresas locais cria uma rede de apoio e troca de informações que facilita a resolução de problemas e a implementação de boas práticas para um ambiente colaborativo e inovador. Estes dados reforçam a importância de incluir os produtores locais nos processos decisórios e de promover atividades que incentivem a cooperação e o desenvolvimento de novas práticas e tecnologias. A análise do desenvolvimento da vitivinicultura em Santana do Livramento/RS revela que, embora haja um engajamento significativo em certas atividades, ainda existem áreas críticas, como o orçamento participativo, que necessitam de maior inclusão e participação dos atores locais (Amaral Filho, 2001; Barquero, 2001, 2007). 65 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise dos resultados revela que o desenvolvimento endógeno da vitivinicultura em Santana do Livramento/RS é impulsionado pela participação ativa dos produtores, e pode desempenhar um papel de crescente relevância na economia local. Foi possível constatar que há um aproveitamento dos recursos locais, conhecimentos e redes de apoio, demonstrando um claro exemplo de como o desenvolvimento regional pode ser impulsionado de dentro para fora. Isso fortalece a economia local e promove o crescimento sustentável. Com base na análise dos resultados apresentados, é possível compreender a relação entre o desenvolvimento endógeno e a viticultura em Santana do Livramento/RS. O Projeto Terroir Salton, implementado na região, apresenta-se como um importante impulsionador do desenvolvimento local, beneficiando produtores que atuam na região há anos e demostram satisfação através deste fortalecimento. A preferência por utilizar recursos próprios no desenvolvimento do empreendimento vitivinícola, evidenciada por 33% dos entrevistados, pode refletir uma adesão ao princípio do desenvolvimento endógeno. A análise do desenvolvimento da vitivinicultura em Santana do Livramento/RS revela que o planejamento do desenvolvimento local envolve claramente os atores locais, promovendo uma abordagem integrada e colaborativa para o crescimento sustentável da região. As considerações apresentadas apontam para uma nova fase promissora na vitivinicultura de Santana do Livramento/RS, caracterizada por uma abordagem mais diversificada e integrada ao desenvolvimento local. A busca por novas oportunidades de negócios e o envolvimento em projetos como o Projeto Terroir Salton indicam um desejo crescente dos produtores de se integrarem ativamente ao desenvolvimento econômico da região. Além disso, a preferência por utilizar recursos próprios no desenvolvimento da vitivinicultura reflete um compromisso com a autonomia econômica e a redução da dependência de fontes externas de financiamento, fortalecendo a base econômica local. Esses aspectos indicam possibilidades para a vitivinicultura em Santana do Livramento/RS, no desenvolvimento endógeno e na valorização dos recursos locais e da herança cultural dos produtores. Os resultados mostram que os produtores entrevistados têm uma compreensão variada sobre o desenvolvimento endógeno e suas práticas. Enquanto alguns buscam ativamente estratégias que fortaleçam a economia local, como a preferência por recursos próprios e a 66 participação em associações setoriais, outros mostram relutância em cooperar com outros atores do setor. Assim, o estudo fornece uma visão abrangente das práticas e percepções dos produtores envolvidos no Projeto Terroir Salton, contribuindo para uma compreensão mais profunda do desenvolvimento endógeno. O Projeto Terroir Salton em Santana do Livramento/RS apresenta diversos aspectos que se caracterizam como promotores do desenvolvimento endógeno em Santana do Livramento/RS. Primeiramente, a iniciativa demonstra um aproveitamento dos recursos locais, tanto em termos de mão de obra quanto de potencial agrícola, ao envolver diretamente produtores e propriedades locais na produção de uvas viníferas. Essa integração fortalece a economia regional ao estimular o empreendedorismo e a diversificação de renda entre os habitantes da comunidade. Além disso, potencializa os recursos internos da região e promove uma abordagem inclusiva e participativa na gestão e implementação das atividades relacionadas à vitivinicultura. Este projeto emerge como um catalisador do desenvolvimento endógeno, impulsionando o desenvolvimento do município e fortalecendo os laços sociais e culturais, consolidando-se como um modelo de desenvolvimento endógeno. O estudo oferece percepções fundamentais sobre como iniciativas de desenvolvimento endógeno podem ser implementadas em comunidades rurais, especialmente na indústria vitivinícola. Além disso, destaca a importância do envolvimento da comunidade local em projetos de desenvolvimento, mostrando como a parceria entre produtores e empresas pode ser mutuamente benéfica. Também ressalta a importância de considerar as características específicas de cada comunidade ao desenvolver e implementar projetos de desenvolvimento local, aproveitando os recursos do lugar Em suma, este estudo não apenas fornece a compreensão sobre o Projeto Terroir Salton e a sua aplicação em Santana do Livramento/RS, mas também abre portas para investigações adicionais sobre desenvolvimento endógeno, engajamento comunitário e sustentabilidade em contextos rurais e industriais. A pesquisa desempenhou um papel significativo ao explorar o desenvolvimento endógeno na vitivinicultura de Santana do Livramento/RS, abordando um assunto até então pouco estudado. Essa abordagem enriqueceu o entendimento do desenvolvimento endógeno na vitivinicultura, e também contribui com pesquisas que já foram feitas no município em outros setores. A perspectiva de contribuir para o desenvolvimento econômico e social de Santana do Livramento/RS pode servir como um poderoso motor, levando à exploração de áreas pouco conhecidas ou ao aprofundamento de questões específicas dentro do campo da vitivinicultura. 67 Explorar esses novos rumos não apenas fortalecerá a economia local, mas também contribuirá para a preservação da cultura vitivinícola da região e para o desenvolvimento de uma indústria vinícola mais sustentável e inovadora. 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Charlene P. S.. Processo de Desenvolvimento do Vale dos Vinhedos. Anais... X Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. Resende ? Rio de Janeiro, 2013. ACHUTTI, G. S. Relatório de estágio curricular obrigatório supervisionado. Porto Alegre: UFRGS, 2011, 35p. ADAM, Bruna Coradini Nader. Mudança institucional enquanto fator de desenvolvimento endógeno: uma análise em sistemas pecuários da Bacia do Rio Ibirapuitã - RS. 2020. 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Estudos do CEPE (UNISC) v. 26. 73 ANEXO 1 De: Jaqueline Machado Braz < xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx> Enviada em: segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024 13 :06 Para: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Cc: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Assunto: TCC 2 - NOVOS RUMOS DA VITIVINICULTURA UMA ABORDAGE M SOBRE O DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO Boa tarde! xxxxxx, para dar andamento nas pesquisas do TCC preciso de algumas informações bem específicas, neste sentido vou precisar do teu auxílio. Total de produtores em Santana do Livramento atendidos pelo projeto Terroir Salton ? 25 produtores na campanha, destes, 12 produtores são de Livramento; Total de produtores atendidos pelo projeto na salton (Universo total)? 300 produtores na serra e 25 na campanha, totalizando 325 produtores; Existe um corte temporal na análise portanto preciso verificar a viabilidade de acordo com o fator tempo, caso contrário é preciso fazer adaptações a análise probabilística para o método. Produtores que estão desde 2016, princípio do projeto? 40 produtores Algum produtor se inseriu em 2019? Não Algum produtor se inseriu em 2021? Não Considerando-se até 8 produtores e o período... quem dos produtores entrevistar em Santana livramento do período de 2016 até 2018? Família xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Quais do período de 2019 a 2021? xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Quais do período de 2022 a 2024? xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Ou desconsiderando o corte temporal quais 8 produtores seriam representativos para aplicação do estudo? Os mesmos citados acima, dando preferência a família Exxxxxxxxx por ser pioneira nos plantios destinados ao projeto da Salton aqui em Livramento; 74 ANEXO 2 TERMO DE CONSENTIMENTO A ABORDAGEM DO DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO: OS NOVOS RUMOS DA VITIVINICULTURA PARA SANTANA DO LIVRAMENTO/RS Pesquisador(a) Responsável: Jaqueline Braz Trindade, Acadêmica do Curso de Ciências Econômicas, Unipmapa Campus Santana do Livramento/RS, graduada Tecnóloga em Agropecuária: Agroindústria, Uergs Santana do Livramento/RS (2007). Assistente de Viticultura na Salton. Vínculo Institucional: Universidade Federal do Pampa. Unipampa, Campus Santana do Livramento/RS Orientador (a): Msc. Margarete Leniza Lopez Goncalves Telefone para Contato com o pesquisador(a) responsável: E-mail do pesquisador(a) responsável: Você está sendo convidado(a) a participar de um estudo científico, sendo que as informações sobre o mesmo estão descritas nos itens que se seguem. É importante que você leia, ou que alguém leia para você, esse documento com atenção e, em caso de qualquer dúvida ou informação que não entenda, peça ao(a) pesquisador(a) responsável pelo estudo que explique a você. Você não é obrigado(a) a participar desta pesquisa. Ao final desse documento, estará disponível um termo de aceite, para que você assinale a opção ?SIM? ou ?NÃO?. Caso aceite em participar da pesquisa, você deverá assinalar a opção SIM, e caso não deseje participar da pesquisa, você deverá assinalar a opção NÃO, e a sua participação não será considerada. Você pode se recusar ou se retirar do estudo a qualquer momento, sem ter que dar maiores explicações, não implicando em qualquer prejuízo. Por que este estudo está sendo realizado? O estudo é requisito para obtenção do título de Bacharela em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Pampa ? UNIPAMPA. _ TERMO DE ACEITE: A seguir, há duas opções ?SIM e NÃO?. Caso aceite em participar da pesquisa marque a opção SIM. A pesquisa será realizada a partir da aplicação de um questionário (instrumento avaliativo do estudo). Caso não deseje em participar da pesquisa marque na opção NÃO, sua participação não será considerada. Eu, declaro que concordo em participar desta pesquisa. ( ) SIM ( ) NÃO Assinado: 75 QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA - (Baseado em Schepa, 2018 e Teixeira, 2023) A ABORDAGEM DO DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO: OS NOVOS RUMOS DA VITIVINICULTURA PARA SANTANA DO LIVRAMENTO/RS Após ler e assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, responda às questões abaixo. Em caso de dúvidas, entre em contato a qualquer momento com o pesquisador responsável. 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Nome completo: b) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino c) Naturalidade: d) Idade: anos e) Residência: ( )Zona Rural ( ) Zona Urbana f) Nível de Escolaridade: ( ) Não frequentou a escola ( ) Fundamental Incompleto ( )Fundamental completo ( ) Ensino Médio incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino Superior completo 2. PERFIL E IDENTIFICAÇÃO DA PROPRIEDADE Tamanho da propriedade (em hectares): ha a) Propriedades Rurais ? Módulo rural= 28 ha - Classificação INCRA ( ) Minifúndio menor ou igual a 1 módulo rural. ( ) Pequena propriedade rural, de 1 a 4 módulos rurais. ( ) Média propriedade rural, de 4 a 15 módulos rurais. ( ) Grande propriedade rural, superior a 15 módulos rurais. b) Atividade principal - (Principal atividade geradora de renda da propriedade): c) De que forma surgiu a implantação da viticultura na propriedade? Cadastro vitícola atualizado n º Área plantada de vinhedos (em hectares): ha Nas questões a seguir marque a resposta correspondente: ( ) Produtor rural da região buscando diversificação de renda através da vitivinicultura. ( ) Empreendedor urbano da região investindo na vitivinicultura para diversificar renda. 76 ( ) Assalariado local vendo na vitivinicultura uma oportunidade de diversificação de renda. ( ) Empreendedor de outra região focando especificamente na vitivinicultura. ( ) Residente de outra região encontrando na vitivinicultura uma oportunidade de negócio após se estabelecer em Livramento. ( ) Família com tradição na vitivinicultura, passada de geração em geração. ( ) Outro (Especificar): d) Se veio de fora, por que escolheu Livramento para viticultura? Especificar: 3. DADOS DA PRODUÇÃO a) O vinhedo já está produzindo? ( ) Sim ( ) Não Se a resposta à pergunta anterior for sim, há quanto tempo? Qual a produção anual de uvas viníferas? 4. O PROJETO TERROIR SALTON a) De que forma teve acesso ao projeto Terroir Salton? Desde que ano participa do projeto Terroir Salton? b) Qual é a importância do projeto Terroir Salton? _ _ _ _ c) Como você percebe o papel do projeto Terroir Salton no estímulo ao desenvolvimento Local (desenvolvimento endógeno) em Santana do Livramento? _ _ _ _ 77 _ d) Como as características do desenvolvimento (local) endógeno estão influenciando as práticas e padrões na sua propriedade. Considerando o enunciado, considere, o quanto o Projeto Terroir favorece o desenvolvimento (local) endógeno de Santana do Livramento/RS. Marque as alternativas: ( ) A comunidade local e os recursos internos estão sendo aproveitados para impulsionar o desenvolvimento. ( ) Foco na sustentabilidade local: Prioridade na utilização de recursos locais de forma sustentável, visando à preservação e fortalecimento da economia local. ( ) Investimento no desenvolvimento de habilidades e conhecimentos dentro da comunidade, capacitando os indivíduos a impulsionarem seu próprio desenvolvimento. ( ) Participação ativa da comunidade. Envolvimento e participação ativa dos membros da comunidade nas decisões e ações relacionadas ao desenvolvimento local. ( ) Valorização da cultura e identidade local. Reconhecimento e promoção dos valores culturais e identidade local como elementos essenciais para o desenvolvimento sustentável. ( ) Integração de conhecimentos tradicionais e científicos: Combinação e integração dos conhecimentos tradicionais da comunidade com técnicas e conhecimentos científicos modernos para um desenvolvimento equilibrado e eficaz. ( )Diversificação econômica: Estímulo à diversificação das atividades econômicas locais. ( ) Estou satisfeito(a) com a execução do projeto Terroir Salton junto a minha propriedade. ( ) Percebo que o projeto favorece a transformação econômica, política e social. ( ) Vejo incrementos na produtividade e na renda em minha propriedade ( ) Estimula diferentes oportunidades as práticas no setor da vitivinicultura (ampliação do conhecimento técnico e na melhoria da cadeia produtiva da uva). ( ) Promove a cooperação, em busca de resultados positivos. ( ) Sou informado sobre principais inovações do setor. 5. ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE a) A uva é vendida para um local que produz vinho? Nome da empresa: b) O Vinho é produzido por um local que faz a elaboração de vinhos, mas leva a marca da propriedade rural? ( ) Sim ( ) Não 78 c) O Vinho é produzido por um local que faz a elaboração de vinhos, mas leva a indicação de procedência? O produto, o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território). ( ) Sim ( ) Não d) Em que local fica a vinícola que realiza a elaboração dos vinhos, recebimento da uva (nome do município e estado)? e) Você também realiza a elaboração de vinho na propriedade? Se sua resposta for sim, por qual motivo entrega suas uvas para beneficiamento em outra vinícola? Qual é a vantagem? __ f) Tem funcionários ligados ao setor da viticultura em sua propriedade? ( ) Sim ( )Não g) Quantos dos seus funcionários estão ligados às atividades de viticultura na propriedade? h) Com relação ao quadro de funcionários, quantos considerados mão de obra contratada e quantos são familiares que atuam no empreendimento; Número de funcionários familiares Número de funcionários contratados i) Remuneração média dos trabalhadores envolvidos com a vitivinicultura. ( ) Até 1 salários mínimos ( ) De 1 a 1,5 salários mínimos ( ) de 1,5 a 2 salários mínimos ( ) 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 3 salários mínimos j) Quantos % da viticultura foi capaz de melhorar a receita anual da sua propriedade? k) Para colocar as atividades de viticultura em funcionamento foi necessário um investimento inicial. Os retornos obtidos com a viticultura já cobriram este investimento inicial? l) ( ) Sim, totalmente ( ) Sim, parcialmente ( ) Não ( ) Não sei informar m) Se sua resposta for sim, quanto tempo levou para cobrir o investimento inicial? anos. Se não, quanto tempo ainda vai levar para este retorno ocorrer? anos. 79 n) Qual o percentual do investimento inicial já foi coberto pelas receitas geradas pela viticultura? 6. O DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO 6.1 PROCESSO CUMULATIVO ( ) A propriedade faz parte de organizações ou associações ligadas a viticultura; Quais? ( ) Conhece associações ou organizações ligadas a viticultura e optou em não participar. ( ) Não conhece as associações ou organizações ligadas a viticultura De modo informal você toma decisões cooperando com outros produtores do setor? ( ) Sim e isso tem se mostrado positivo para o desenvolvimento da propriedade. ( ) Sim e isso tem se mostrado positivo para o desenvolvimento do setor. ( ) Sim e isso tem se mostrado positivo para o desenvolvimento da propriedade e do setor ( )Não. Justificar: Você toma decisões cooperando com outras empresas do setor? ( ) Sim e isso tem se mostrado positivo para o desenvolvimento da propriedade. ( ) Sim e isso tem se mostrado positivo para o desenvolvimento do setor. ( ) Sim e isso tem se mostrado positivo para o desenvolvimento da propriedade e do setor ( )Não. Justificar: 80 7. EXCEDENTE ECONÔMICO Qual o destino das rendas excedentes (lucro) gerados na sua propriedade rural? (indicar % aproximado do uso em cada opção) ( ) Quantos % são investidos no empreendimento rural (infraestrutura, tecnologia, expansão do negócio) ( ) Quantos % São investidos em benefício da família (lazer, educação, cultura, infraestrutura) ( ) Quantos % São investidos em empreendimento na área urbana do município (indústria, comércio ou serviço) ( ) % São investidos em imóveis no município ( ) Quantos %São investidos em empreendimentos fora do município ( ) Quantos %São investidos em imóveis fora do município ( ) Quantos % São investidos no mercado financeiro ( ) Quantos % Outros. Especificar: _ _ _ Você já recebeu recursos oriundos de fontes externas para ajudar no desenvolvimento da produção vitivinícola? ( ) Sim, busquei crédito junto ao sistema financeiro ( ) Sim, tenho sócio ou sócios na região de abrangência do município ( ) Sim, tenho sócio ou sócios fora da região ( ) Não, o empreendimento vem sendo desenvolvido com recursos próprios ( ) Outro. Especificar: _ 81 8. PRÁTICAS DA PROPRIEDADE EM PROL DO DESENVOLVIMENTO ENDÓGENO Marque com um X a alternativa que melhor identificar as práticas de sua propriedade em função com a viticultura: Não é algo que tenha demandad o até o momento Adquire ou tem acesso no município Adquire ou tem acesso na região de inserção do município Adquire ou tem acesso fora da região Adquire ou tem acesso a partir de importação Tecnologia ligada ao processo de produção Recursos Humanos Especializados Instituições de apoio para o desenvolvimento do setor (conhecimento) Apoio financeiro (crédito) para o desenvolvimento do setor Organizações de apoio para o desenvolvimento do setor (gestão) Políticas públicas para o desenvolvimento do setor Organizações que Contribuam para o desenvolvimento de inovações voltadas ao setor Insumos de Produção Apoio para o desenvolvimento do empreendimento no que diz respeito à gestão do mesmo 82 9. RELAÇÕES DO SETOR COM A SOCIEDADE LOCAL Identifique a afirmativa que melhor representa a relação com a viticultura em função da sociedade local É muito bem recebido É bem recebido A reação é de indiferenç a É mal recebido É muito mal recebido Produtores do sector Produtores de outros setores rurais Empreendedores urbanos Consumidores locais Fornecedores Locais Turistas Fornecedores não locais Poder público local Associação Comercial e Industrial Distribuidores locais Ações de cooperação ou associação entre os produtores setoriais 10. PLANEJAMENTO DE DESENVOLVIMENTO Em relação ao desenvolvimento da vitivinicultura em Santana do Livramento, como você avalia a seguinte afirmativa: ?o planejamento do desenvolvimento local envolve claramente a sociedade civil, o mercado e o poder público? ( ) Concordo fortemente ( ) Concordo ( ) nem concordo nem discordo ( ) Discordo ( ) Discordo fortemente 83 a) Assinale sua frequência de participação nas atividades a seguir Nunca Raramente As vezes Frequentemente Sempre Orçamento participativo Reuniões com produtores locais de setores afins Organização de eventos para promoção do setor Abertura da localidade rural à visitações, desenvolvendo novas formas de negócio Participação em eventos técnicos Participação em eventos voltados ao desenvolvimento da região Participação em eventos voltados para o desenvolvimento da viticultura em Santana do Livramento